BE e PCP dizem que Passos fala numa economia que não existe

Bloquista Pedro Soares acusa primeiro-ministro de "mentir" aos portugueses. Comunista Margarida Botelho fala na descrição de um país "que ninguém sente nas suas vidas.

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Para o BE, Passos "mentiu sobre a Segurança Social, tentou lançar jovens contra reformados, filhos contra pais" Enric Vives-Rubio

Margarida Botelho, da comissão política do PCP, acusou Passos Coelho de ter feito, no discurso na sexta-feira, na Festa do Pontal, em Quarteira, "uma descrição do país que ninguém sente nas suas vidas" e de "ameaçar com novos cortes e avanços" sobre os direitos dos trabalhadores.

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Margarida Botelho, da comissão política do PCP, acusou Passos Coelho de ter feito, no discurso na sexta-feira, na Festa do Pontal, em Quarteira, "uma descrição do país que ninguém sente nas suas vidas" e de "ameaçar com novos cortes e avanços" sobre os direitos dos trabalhadores.

"Quando Passos Coelho diz que está a meio do percurso, então este caminho, que significou desemprego e emigração, tem de ser interrompido o mais depressa possível", afirmou Margarida Botelho, defendendo que os portugueses não podem permitir que o Governo "complete os seus planos".

A dirigente comunista acusou ainda o Governo de querer continuar um percurso de cortes salariais e de direitos dos trabalhadores. "A partir do momento em que [Passos Coelho] afirma que esta é metade do caminho, quer dizer que vai continuar este percurso e sabemos o caminho que vai continuar a fazer", disse aos jornalistas na sede do PCP, em Lisboa.

Sobre o desafio lançado pelo líder do PSD ao PS para um acordo sobre a reforma da Segurança Social antes das eleições de 2015 com o "contributo dos socialistas", Margarida Botelho afirmou: "O PSD saberá porque fez essa proposta ao PS. Mas, se olharmos para os últimos anos, podemos ver muitos momentos em que PSD, PS e CDS se entenderam para reformas profundamente negativas da segurança social".

A membro da comissão política do PCP reafirmou que o Governo não conta com o seu partido para "nenhuma reforma que signifique mais cortes nas pensões ou mais discriminação dos jovens trabalhadores", defendendo que a segurança social deve ser publica e garantir a segurança "de todos" os trabalhadores.

Passos iniciou campanha eleitoral, diz BE
Também o BE acusou Passos Coelho de mentir aos portugueses na festa do Pontal, acrescentando que o primeiro-ministro iniciou na sexta-feira a campanha eleitoral para as eleições legislativas de 2015.

"Pedro Passos Coelho desta vez interrompeu as férias mas para animar um comício partidário. Abriu a campanha eleitoral e começou por mentir aos portugueses", afirmou o membro da Comissão Política do BE Pedro Soares, no Porto.

Segundo Pedro Soares, Passos Coelho "falou de uma economia que não existe, disse-se empenhado em combater os privilégios quando todos nós sabemos que injectou milhares de milhões de euros num banco com graves problemas provocados pela ganância dos seus administradores, mentiu sobre a Segurança Social, tentou lançar jovens contra reformados, filhos contra pais, quando todos nós sabemos que a sua política, a política deste Governo, tem sido contra uns e contra outros".

"Em relação a uns, manda-os emigrar e afunda-os na precariedade, em relação a outros, tudo faz para cortar nas suas reformas e pensões", sustentou o bloquista. O BE entende que, "agora, [Passos Coelho] demonstrou-o ontem, só tem uma preocupação: é posicionar-se, é preparar-se para as legislativas de 2015, é criar a ilusão aos portugueses de que está tudo bem e só o pode fazer mentindo".