CGD lucra 130 milhões de euros

CGD e Santander Totta mostram lucros, BPI, BCP e BES fecham semestre com prejuízos.

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A Caixa Geral de Depósitos (CGD) voltou aos números positivos, com um lucro de 129,9 milhões de euros entre Janeiro e Junho deste ano. Em idêntico período do ano passado, o banco público tinha sofrido um prejuízo de 182,7 milhões de euros.

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A Caixa Geral de Depósitos (CGD) voltou aos números positivos, com um lucro de 129,9 milhões de euros entre Janeiro e Junho deste ano. Em idêntico período do ano passado, o banco público tinha sofrido um prejuízo de 182,7 milhões de euros.

Para o presidente José Matos “as contas semestrais são um marco importante na evolução recente e futura” da CGD , “com o fim do programa de ajustamento económico e financeiro” que obrigou o grupo estatal a concentrar-se exclusivamente na sua principal actividade: o sector financeiro. Esta orientação permitiu ao maior banco português deixar para trás um ciclo de prejuízos, para atingir em Junho um rácio de capital (common equity) Tier 1 de 10,7%, acima dos 7% exigidos pelas autoridades europeias (em Março deste ano o valor estava em 8,5%).

A conjugação da melhoria da actividade operacional, da descida de custos e de imparidades, associada à venda do negócio dos seguros, ajudam a explicar o lucro semestral de 129,9 milhões de euros, com a actividade internacional a contribuir com 5,5 milhões de euros positivos (o que compara com perda de 54,6 milhões de euros no mesmo período anterior).

 “Este resultado foi particularmente afectado por dois factores de sinal contrário: positivamente, pela concretização bem sucedida da venda da área seguradora e, negativamente, pelo reconhecimento de eventuais perdas associadas à exposição, limitada e originada há vários anos atrás [antes da actual administração tomar posse em 2011], a entidades diversas de um grupo económico nacional”: o GES. O PÚBLICO divulgou que a exposição da CGD ao universo Espirito Santo, por via de financiamentos concedidos à ESI/ESFG, as duas sociedades insolventes, quer de empresas que geram proveitos, é de pelo menos 300 milhões de euros.

José Matos recusou pronunciar-se sobre o número exacto. Ainda assim, o nível de imparidades e de provisões contabilizado no último semestre pela CGD, de 420,9 milhões de euros, foi inferior em 26,2% ao do mesmo período do ano transacto (562,7 milhões), devido a alguma melhoria da situação financeira e a uma redução dos novos casos de incumprimento.

Relativamente ao negócio de venda de 80% da Caixa Seguros ( Fidelidade, Mundial, Multicare) ao grupo chinês Fosun, a CGD revelou que o impacto global na conta de resultados (mais valia da operação e rendimentos obtidos antes da venda, em Abril) cifrou-se em 287 milhões de euros.

A margem financeira estrita do grupo estatal subiu 32% para 481,2 milhões de euros e o produto da actividade bancária aumentou 4,6% para 925,3 milhões de euros, com o resultado bruto de exploração a disparar 37,6% para 299,6 milhões de euros. 

Dois lucram, três perdem
Hoje, também o Santander Totta apresentou os seus resultados, que mostram um  crescimento de 159,7% nos seus resultados semestrais, para 80,2 milhões de euros.
 

O aumento dos lucros face a período homólogo, que tinham sido de 30,9 milhões de euros, reflecte, segundo o banco de capitais espanhóis, o aumento das receitas, com especial destaque para o crescimento de 6,6% na margem financeira para 267,9 milhões de euros, sustentada na redução dos custos de financiamento.

Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, o Santander também destaca que a melhoria de resultados se ficou a dever “a menor necessidade de constituição de provisões, devido ao aumento da rendibilidade recorrente”.

No segundo trimestre, a instituição alcançou um lucro de 38,1 milhões de euros, mais 84,2% face a período homólogo.

Entre os cinco maiores bancos a operar em Portugal, houve assim duas instituições a presentar lucros, e três a registar perdas. O BCP apresentou prejuízos de 62 milhões de euros, valor que, no caso do BPI, foi de 106,6 milhões. As perdas disparam no caso do BES para 3577 milhões de euros. Somadas, as perdas atingem uns históricos 3745,9 milhões de euros.

Sobre o BES, António Vieira Monteiro revelou hoje ter ficado surpreendido com as contas apresentadas. "Surpreendidos estamos todos nós", afirmou o gestor depois de questionado sobre a matéria na conferência de apresentação dos resultados semestrais do Santander Totta, citado pela Lusa.

Realçando que um prejuízo da dimensão do apresentado BES é "algo de inédito", Vieira Monteiro diz que só os gestores do banco agora liderado por Vítor Bento é que podem explicar este resultado tão negativo.