Rio Tinto vende minas de carvão em Moçambique a empresa indiana

Consórcio International Coal Ventures fica com os investimentos na província de Tete por 50 milhões de dólares.

Foto
Sam Walsh, presidente executivo da Rio Tinto CARL COURT/AFP

Segundo o acordo anunciado, a participação maioritária da Rio Tinto Coal Mozambique na mina de Benga (65%) e os restantes investimentos do grupo na província de Tete ficam nas mãos da International Coal Ventures Private Limited, um consórcio de empresas públicas indianas.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Segundo o acordo anunciado, a participação maioritária da Rio Tinto Coal Mozambique na mina de Benga (65%) e os restantes investimentos do grupo na província de Tete ficam nas mãos da International Coal Ventures Private Limited, um consórcio de empresas públicas indianas.

A decisão de largar este investimento acontece depois de o grupo liderado por Sam Walsh, um dos gigantes do sector mineiro a nível mundial, registar uma depreciação dos activos em Moçambique no valor de 3000 milhões de dólares (cerca de 2200 milhões de euros), tendo revisto em baixa as estimativas de carbono das minas na província de Tete.

Outra das razões que terá levado o grupo a vender estes investimentos está relacionado com a dificuldade em fazer chegar aos portos a mercadoria. A exportação de carvão da empresa, através da linha de caminho-de-ferro da Linha do Sena, chegou a estar suspensa no ano passado quando a instabilidade criada por acções armadas se intensificou em Moçambique. A Linha do Sena, também utilizada pela empresa brasileira Vale, liga as zonas mineiras de Tete ao porto da Beira.

Outra limitação logística que, segundo a AFP, levou a Rio Tinto a abandonar estas unidades foi o facto de o transporte de carvão por barco através do Zambeze não ter sido autorizado por razões ambientais.

A instabilidade em Maputo, que se intensificou com a onda de sequestros, levou o grupo anglo-australiano a tomar medidas preventivas, retirando da capital moçambicana as famílias de trabalhadores, no final do ano passado.

No primeiro trimestre, a produção ainda esteve parcialmente parada, mas nos três meses seguintes o grupo aumentou a produção face ao mesmo período do ano passado, com a produção de carvão de coque duro a crescer 31%, para 187 mil toneladas.

A Rio Tinto explorava os projectos mineiros de Tete desde 2011, quando comprou a produtora australiana de carvão Riversdale Mining Limited. Em comunicado, a empresa diz esperar concluir a venda até ao fim do terceiro trimestre e garante que, durante a fase de transição, vai acompanhar as operações de acordo com “as normas máximas de segurança e ambientais”.

Em Portugal, o grupo anglo-australiano chegou a negociar durante meses a exploração das minas de ferro em Moncorvo, mas acabou por desistir de entrar no negócio, para concentrar os investimentos em projectos “com altas taxas de retorno”.