Conselho Metropolitano do Porto sem apoios para Coliseu ou Casa da Música

Estrutura garante que está legalmente impedida de atribuir qualquer "subsídio" às casas de espectáculo.

Joaquim Couto, que também preside à Câmara de Santo Tirso, dirigiu os trabalhos em substituição do presidente do CMP, Hermínio Loureiro, ausente por motivos pessoais. Da agenda da reunião constava uma proposta sobre o eventual financiamento do Coliseu do Porto - cujas dificuldades financeiras foram tornadas públicas em Maio -, e sobre a escolha dos membros da direcção da Associação de Amigos do Coliseu (AAC), que gere a casa de espectáculos. Mas do encontro saíram poucos resultados.

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Joaquim Couto, que também preside à Câmara de Santo Tirso, dirigiu os trabalhos em substituição do presidente do CMP, Hermínio Loureiro, ausente por motivos pessoais. Da agenda da reunião constava uma proposta sobre o eventual financiamento do Coliseu do Porto - cujas dificuldades financeiras foram tornadas públicas em Maio -, e sobre a escolha dos membros da direcção da Associação de Amigos do Coliseu (AAC), que gere a casa de espectáculos. Mas do encontro saíram poucos resultados.

Os autarcas limitaram-se a aprovar a indicação de Luís Miguel Marques Neves como vogal do conselho fiscal. O presidente da direcção dos Amigos do Coliseu que será apontado pelo CMP será escolhido pela direcção deste órgão. “Agregaremos o presidente da Câmara do Porto para, em consenso, encontrarmos uma solução”, disse Joaquim Couto aos jornalistas, no final da reunião. O autarca não garantiu, contudo, que a direcção da CMP e Rui Moreira, autarca do Porto, se consigam reunir antes do dia 3 de Setembro, data da Assembleia Geral da AAC. “Não será fácil, mas vamos tentar”, disse.

A AMP, a Câmara do Porto e a Secretaria de Estado da Cultura são os três principais accionistas da associação que gere o Coliseu e cabe, a cada uma delas, indicar um dos vogais do conselho de administração. Rotativamente, cabe ainda a cada uma delas escolher o presidente, caindo, desde sempre, a escolha em José António Barros. Contudo, em Maio, perante as dificuldades financeiras do Coliseu, o empresário comunicou ao CMP não estar disponível para voltar a assumir o cargo, a menos que se encontrasse uma solução. Barros atribuía as dificuldades financeiras à quebra de bilheteira e à concorrência da Casa da Música, com preços de aluguer competitivos e salas mais pequenas e, portanto, mais apelativas em tempos de crise.

Os três accionistas do Coliseu reuniram-se, entretanto, mas sem que tivesse sido apresentada qualquer proposta de solução. Ontem, Joaquim Couto confirmou que, legalmente, a AMP não pode “subsidiar” o Coliseu. A casa de espectáculos esperava poder obter um apoio dos três principais accionistas na ordem dos 180 mil euros. “Fica a recomendação aos municípios para que, individualmente, quando contactados pela direcção do Coliseu, tenham alguma magnanimidade e solicitude no sentido de participarem do modo que entenderem”, disse o autarca aos seus colegas.

Em causa está a Lei 75/2013, que serviu também como parte da justificação para que fosse recusada a assinatura de um contrato-programa com a Casa da Música, que se traduziria, na prática, num pagamento de 220 mil euros a esta instituição, em troca de serviços educativos. O presidente da comissão executiva do CMP, Lino Ferreira, explicou aos autarcas que os vereadores da Educação da AMP tinham colocado vários entraves ao contrato-programa – os dos municípios mais distantes do Porto não iriam beneficiar de parte das actividades ou teriam de assumir custos adicionais para que tal acontecesse – e reforçou que a lei referida “impede [o CMP] de dar subsídios”.

Por isso, também neste caso, a recomendação sugerida pelo responsável executivo e acatada pelos autarcas da AMP foi idêntica à do Coliseu. “A opinião geral dos vereadores é que não devemos formalizar este contrato-programa. A proposta que trazemos é que cada município contratualize o que entender com a Casa da Música e, de acordo com as suas possibilidades, vá fazendo contratos-programa, que ajudem assim a financiá-la”, disse.

O PÚBLICO tentou ouvir a Casa da Música sobre esta matéria, mas tal não foi possível. Já fonte próxima de José António Barros, do Coliseu, disse que este “vai aguardar até à assembleia geral” para saber qual a proposta para o espaço.