A final à lupa: Alemanha pressionante, Argentina recuada

Equipa académica analisou como os jogadores interagiram no Alemanha-Argentina da final do Campeonato do Mundo.

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Na rede de acções do jogo, a Alemanha teve a posse de bola ao longo de quase todo o jogo, como se pode ver pelas ligações mais fortes e também pela intensidade de interacções. Na primeira fase de construção, a Alemanha trocou a bola principalmente através de Lahm, destacando-se a relação Lahm-Boateng. Lahm ligou-se a Schweinsteiger que foi o responsável pela ligação aos outros médios, principalmente Kroos e Ozil. Com a compacta defesa da Argentina, as ligações a Klose foram escassas, surgindo principalmente pelo corredor direito com as subidas de Lahm.

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Na rede de acções do jogo, a Alemanha teve a posse de bola ao longo de quase todo o jogo, como se pode ver pelas ligações mais fortes e também pela intensidade de interacções. Na primeira fase de construção, a Alemanha trocou a bola principalmente através de Lahm, destacando-se a relação Lahm-Boateng. Lahm ligou-se a Schweinsteiger que foi o responsável pela ligação aos outros médios, principalmente Kroos e Ozil. Com a compacta defesa da Argentina, as ligações a Klose foram escassas, surgindo principalmente pelo corredor direito com as subidas de Lahm.

A defender, a equipa da Alemanha pressionou no meio-campo adversário. No entanto, a Argentina conseguiu criar algumas situações de golo em ataques rápidos que exploravam o espaço livre deixado pelos defesas.

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Na segunda parte, já com Schurrle (substituiu Kramer aos 31’), a equipa alemã atacou mais pelos corredores laterais. Do lado direito, Lahm ligou-se a Ozil e Muller. Do lado esquerdo, Schurrle foi muito solicitado por Howedes e Kroos. A ligação com o avançado Klose diminuiu, sendo Muller a principal referência na frente, mas sem conseguir criar situações de remate à baliza, devido provavelmente à acção da defesa Argentina.

Para o prolongamento, entrou Gotze para o lugar de Klose que, numa altura em que ambas as equipas apresentavam baixa intensidade de passes, encontrou a oportunidade para marcar o golo (aos 113’) que deu a vitória e o título de campeão do mundo à Alemanha.

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A rede de acções da Argentina destaca-se pela pouca posse de bola (ligações mais fracas em comparação com a Alemanha). A rede é diferente da do jogo com a Holanda, mostrando menos posse de bola na zona defensiva. A Argentina teve várias situações de golo, nomeadamente por Messi e por Higuaín, mas sem grande precisão.

Na primeira parte as ligações mais fortes são entre os defesas laterais e os médios alas, nomeadamente Zabaleta-Lavezzi. A bola chega aos laterais pelos centrais e em particular de Mascherano, na segunda fase de construção. A precisão de Messi é reduzida, possivelmente pelo pouco espaço dado pela equipa alemã. São raras as ligações Messi-Higuaín. Na segunda parte, a rede da Argentina aumentou o número de ligações. Mais posse de bola dos médios centro Enzo Perez, Mascherano e Biglia e pelo corredor central, mas com funções distintas. Messi foi mais solicitado nesta parte, não tendo uma posição fixa. Baixaram as ligações de defesas centrais para laterais pelos corredores e passaram a jogar mais com os três médios centro e estes, por sua vez, ligavam-se aos avançados. No prolongamento a rede da Argentina teve muito menos ligações que a da Alemanha. Notam-se os padrões em triângulo do lado esquerdo, por Garay-Rojo-Biglia e Mascherano-Biglia-Garay. Palacio entrou aos 78’, rematou mas com pouca precisão.

A Alemanha apresentou ao longo dos jogos da meia-final e final padrões bem definidos, localizados no meio-campo e no corredor central, embora com ligações aos corredores laterais.

A Argentina apresentou como padrão mais estável, ao longo da meia-final e da final, as ligações entre defesas centrais e o médio central Mascherano. As ligações aos avançados são mais fracas mas existentes, possivelmente devido à estratégia de contra-ataque que caracterizou o jogo apresentado pela Argentina neste Mundial.

A dinâmica de cada equipa ao longo do jogo pode ser captada em forma de rede. A rede é constituída por nós (jogadores posicionados aproximadamente como em campo) e ligações (setas) entre os nós. A análise da dinâmica da equipa implica que se incluam os jogadores substituídos (tempo de jogo à frente do nome), por isso mais de 11 jogadores podem fazer parte da rede. Do mesmo modo, jogadores que não tenham feito um mínimo de 3 passes podem não aparecer na rede e deste modo temos as ligações mais estáveis na dinâmica da equipa.

Projecto do Laboratório de Perícia no Desporto da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa em parceria com o Programa Doutoral em Ciências da Complexidade (ISCTE-IUL e FCUL).

Coordenador

Duarte Araújo (FMH-UL)

Equipa

Rui Lopes (ISCTE-IUL e IT-IUL)

João Paulo Ramos (ISCTE-IUL e FEFD-ULHT)

José Pedro Silva (FMH-UL)

Carlos Manuel Silva (FMH-UL)