Alemanha-França à lupa: Alemães dominaram corredor central

Equipa académica analisou a forma como os jogadores interagiram.

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Na rede de acções vemos que os jogadores do meio-campo alemão revelam abundantes ligações, tanto à defesa como ao ataque. Este é um indicador de um tipo de ataque, o ataque organizado, predominantemente utilizado pela Alemanha. Schweinsteiger foi o principal responsável pela construção do ataque alemão.

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Na rede de acções vemos que os jogadores do meio-campo alemão revelam abundantes ligações, tanto à defesa como ao ataque. Este é um indicador de um tipo de ataque, o ataque organizado, predominantemente utilizado pela Alemanha. Schweinsteiger foi o principal responsável pela construção do ataque alemão.

A colocação de Lahm do lado direito fez com que a Alemanha utilizasse muito esse corredor, sendo dele as ligações mais fortes da equipa (com Müller e com Schweinsteiger). Kroos foi menos influente no ataque da Alemanha em comparação com jogos anteriores, possivelmente devido ao meio-campo da França, povoado por três jogadores mais defensivos.

A defender, a Alemanha jogou com os jogadores do meio-campo próximos dos da defesa, o que impediu a França de jogar pelo corredor central. Esta organização obrigou a França a um jogo directo, o que facilitou a acção de Hummels (autor do único golo aos 13’), jogador responsável por muitas recuperações e cortes de bola, embora a maioria destes cortes tenha sido para fora (ver a precisão na rede de acções). A grande mobilidade da equipa da Alemanha, principalmente no meio-campo, fez com que os seus jogadores ocupassem diferentes posições e partilhassem muitas ligações. Por exemplo, Khedira, Schweinsteiger, Kroos e Müller têm 5 a 7 ligações com jogadores diferentes.

Na rede de acções de França, destaca-se a grande precisão e maior número de passes dos defesas centrais e do defesa direito. Há uma grande influência dos dois defesas laterais na segunda fase de construção do ataque, em que se utiliza os corredores laterais para chegar a sectores mais ofensivos. Algumas das ligações mais fortes são precisamente entre defesas laterais e extremos: Debuchy-Valbuena e Evra-Griezman. Os extremos foram os elementos-chave para chegar ao avançado Benzema, que mostrou uma precisão elevada, quer na entrega em apoio ao médio Matuidi, quer nas situações de finalização na baliza alemã (ver figura de remates).

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Estas ligações contrastam com a fraca ligação dos elementos do meio-campo ao avançado Benzema. Em termos do meio-campo, destaca-se o posicionamento recuado de Cabaye, que se liga num triângulo com os dois centrais na primeira fase de construção do ataque. Cabaye ligou a linha defensiva ao sector do meio-campo e ligou os jogadores do meio-campo Pobga-Matuidi, facilitando a circulação de bola entre os dois corredores laterais. Valbuena foi o jogador mais procurado no ataque da França, estabelecendo várias ligações, especialmente com Debuchy e Pogba. A circulação da bola da França segue o sentido do corredor direito para o esquerdo.

Em termos do número de passes, há uma maior intensidade da Alemanha na 1ª parte e inicio da 2ª, mas nos últimos 30 minutos a França elevou o seu número de interacções.

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Se juntarmos esta rede da Alemanha, a outros dois jogos anteriores (com Portugal e com o Gana), vemos que as ligações mais fortes estão ao centro entre Lahm, Kros, Schweinsteiger e  Khedira. Sendo os três primeiros, jogadores com elevada precisão.

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A dinâmica de cada equipa ao longo do jogo pode ser captada em forma de rede. A rede é constituída por nós (jogadores posicionados aproximadamente como em campo) e ligações (setas) entre os nós. A análise da dinâmica da equipa implica que se incluam os jogadores substituídos (tempo de jogo à frente do nome), por isso mais de 11 jogadores podem fazer parte da rede. Do mesmo modo, jogadores que não tenham feito um mínimo de 3 passes podem não aparecer na rede e deste modo temos as ligações mais estáveis na dinâmica da equipa.

Projecto do Laboratório de Perícia no Desporto da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa em parceria com o Programa Doutoral em Ciências da Complexidade (ISCTE-IUL e FCUL).

Coordenador
Duarte Araújo (FMH-UL)

Equipa
Rui Lopes (ISCTE-IUL e IT-IUL)
João Paulo Ramos (ISCTE-IUL e FEFD-ULHT)
José Pedro Silva (FMH-UL)
Carlos Manuel Silva (FMH-UL)