Assembleia de freguesia de Carcavelos censura presidente da junta por aprovar urbanização

Zilda Costa Silva votou a favor do plano de pormenor para Carcavelos-Sul, o que permitiu a sua aprovação. A assembleia de freguesia exige a demissão da autarca.

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Plano em causa prevê uma mega-urbanização para a Quinta dos Ingleses Rui Gaudêncio/Arquivo

Numa sala lotada, e sem condições para a elevada assistência – à semelhança do que já tinha acontecido aquando da votação do plano na Assembleia Municipal –, a assembleia de freguesia tinha como único ponto na agenda uma moção de censura apresentada por todos os partidos da oposição: PS, CDU, Bloco de Esquerda (BE) e movimento independente Ser Cascais.

"Repudiamos o comportamento da presidente da junta de freguesia pelo que representa como traição do seu próprio mandato e dos valores democráticos que sustentam o poder local", salienta a moção, aprovada com dez votos a favor de toda a oposição e nove contra da lista PSD/CDS, partido ao qual pertence Zilda Costa Silva.

Na origem da moção está o voto favorável desta autarca na assembleia municipal de 27 de Maio, que aprovou o Plano de Pormenor do Espaço de Reestruturação Urbanística de Carcavelos-Sul (PPERUCS). O voto da presidente da junta foi decisivo na aprovação do plano, que teve 19 votos a favor e 18 contra.

A votação da autarca do PSD contrariou três documentos "de pronúncia desfavorável" ao plano, aprovados pela assembleia de freguesia em Fevereiro e no final de Abril de 2014. "Não tivera a presidente da junta de freguesia usurpado o poder deliberativo e abusado do seu poder de representação, o PPERUCS teria sido chumbado em assembleia municipal", considera-se na moção.

Em Fevereiro e em Abril, a assembleia de freguesia aprovou duas moções contra o PPERUCS – uma por maioria e outra por unanimidade –, e um requerimento, por maioria, que manteve o voto contra o plano, apesar das alterações efectuadas pela Câmara de Cascais.

Além de "censurar, de forma pública, o comportamento" da autarca, a moção recomenda a Zilda Costa Silva que "renuncie ao mandato ou se demita", em consequência do "exercício abusivo e irregular das suas competências".

Antes da discussão da moção, vários munícipes inscritos defenderam a autarca e apoiaram o plano aprovado, pela redução da área de construção e pela requalificação do espaço. Outros criticaram a votação da presidente da junta e alertaram para os impactos negativos do projecto na última área livre de edificado junto ao mar.

"Campos de futebol não são espaços verdes", notou Anamaria Azevedo, do movimento Fórum por Carcavelos, que lamentou: "O pinhal vai ser arrasado".

Na resposta aos moradores, Zilda Costa Silva apresentou os mesmos argumentos que já tinha utilizado na declaração de voto que leu na reunião da Assembleia Municipal, para explicar a sua posição. Disse que existem "direitos adquiridos" pelo proprietário dos terrenos e que o plano aprovado, com a redução de volumetria e de fogos, foi "a melhor solução" em alternativa a uma pesada indemnização.

A autarca considerou que, na assembleia municipal, não está vinculada à representação da assembleia de freguesia e entendeu ser "livre de interpretar o mandato como melhor lhe aprouver".

Os eleitos do PS, CDU, BE e Ser Cascais sublinharam, nas suas intervenções, "a traição" à assembleia e à população, acusando a presidente da junta de nunca ter assumido que ia votar a favor do plano.

Já os deputados do PSD e do CDS recusaram os argumentos jurídicos para a censura à autarca e consideraram que esta não deve ser julgada pela sua posição em relação ao PPERUCS sem que se avalie o trabalho realizado nos anteriores mandatos.

O presidente da assembleia, Carlos Oliveira (PSD), ordenou por diversas vezes ao público para que abandonasse a sala, perante as insistentes interrupções. Um requerimento apresentado após uma reunião dos líderes das bancadas, na última suspensão dos trabalhos, ditou a votação da moção sem mais discussão.

Na declaração de voto, João Salgado, do PSD, classificou a aprovação da moção como "inconsequente do ponto de vista jurídico-funcional".

O deputado Luís Salgado anunciou que, perante a falta de confiança do cumprimento das deliberações da assembleia, o BE votará contra as propostas apresentadas até à formação de um novo executivo.

O PPERUCS tem motivado diversas manifestações de cidadãos, que consideram o projecto um "atentado" ao ambiente e à qualidade de vida das pessoas.

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Numa sala lotada, e sem condições para a elevada assistência – à semelhança do que já tinha acontecido aquando da votação do plano na Assembleia Municipal –, a assembleia de freguesia tinha como único ponto na agenda uma moção de censura apresentada por todos os partidos da oposição: PS, CDU, Bloco de Esquerda (BE) e movimento independente Ser Cascais.

"Repudiamos o comportamento da presidente da junta de freguesia pelo que representa como traição do seu próprio mandato e dos valores democráticos que sustentam o poder local", salienta a moção, aprovada com dez votos a favor de toda a oposição e nove contra da lista PSD/CDS, partido ao qual pertence Zilda Costa Silva.

Na origem da moção está o voto favorável desta autarca na assembleia municipal de 27 de Maio, que aprovou o Plano de Pormenor do Espaço de Reestruturação Urbanística de Carcavelos-Sul (PPERUCS). O voto da presidente da junta foi decisivo na aprovação do plano, que teve 19 votos a favor e 18 contra.

A votação da autarca do PSD contrariou três documentos "de pronúncia desfavorável" ao plano, aprovados pela assembleia de freguesia em Fevereiro e no final de Abril de 2014. "Não tivera a presidente da junta de freguesia usurpado o poder deliberativo e abusado do seu poder de representação, o PPERUCS teria sido chumbado em assembleia municipal", considera-se na moção.

Em Fevereiro e em Abril, a assembleia de freguesia aprovou duas moções contra o PPERUCS – uma por maioria e outra por unanimidade –, e um requerimento, por maioria, que manteve o voto contra o plano, apesar das alterações efectuadas pela Câmara de Cascais.

Além de "censurar, de forma pública, o comportamento" da autarca, a moção recomenda a Zilda Costa Silva que "renuncie ao mandato ou se demita", em consequência do "exercício abusivo e irregular das suas competências".

Antes da discussão da moção, vários munícipes inscritos defenderam a autarca e apoiaram o plano aprovado, pela redução da área de construção e pela requalificação do espaço. Outros criticaram a votação da presidente da junta e alertaram para os impactos negativos do projecto na última área livre de edificado junto ao mar.

"Campos de futebol não são espaços verdes", notou Anamaria Azevedo, do movimento Fórum por Carcavelos, que lamentou: "O pinhal vai ser arrasado".

Na resposta aos moradores, Zilda Costa Silva apresentou os mesmos argumentos que já tinha utilizado na declaração de voto que leu na reunião da Assembleia Municipal, para explicar a sua posição. Disse que existem "direitos adquiridos" pelo proprietário dos terrenos e que o plano aprovado, com a redução de volumetria e de fogos, foi "a melhor solução" em alternativa a uma pesada indemnização.

A autarca considerou que, na assembleia municipal, não está vinculada à representação da assembleia de freguesia e entendeu ser "livre de interpretar o mandato como melhor lhe aprouver".

Os eleitos do PS, CDU, BE e Ser Cascais sublinharam, nas suas intervenções, "a traição" à assembleia e à população, acusando a presidente da junta de nunca ter assumido que ia votar a favor do plano.

Já os deputados do PSD e do CDS recusaram os argumentos jurídicos para a censura à autarca e consideraram que esta não deve ser julgada pela sua posição em relação ao PPERUCS sem que se avalie o trabalho realizado nos anteriores mandatos.

O presidente da assembleia, Carlos Oliveira (PSD), ordenou por diversas vezes ao público para que abandonasse a sala, perante as insistentes interrupções. Um requerimento apresentado após uma reunião dos líderes das bancadas, na última suspensão dos trabalhos, ditou a votação da moção sem mais discussão.

Na declaração de voto, João Salgado, do PSD, classificou a aprovação da moção como "inconsequente do ponto de vista jurídico-funcional".

O deputado Luís Salgado anunciou que, perante a falta de confiança do cumprimento das deliberações da assembleia, o BE votará contra as propostas apresentadas até à formação de um novo executivo.

O PPERUCS tem motivado diversas manifestações de cidadãos, que consideram o projecto um "atentado" ao ambiente e à qualidade de vida das pessoas.