Concorrência da Casa da Música dita dias difíceis no Coliseu do Porto

Presidente da Associação dos Amigos do Coliseu diz que só continua se for restabelecido o equilíbrio financeiro

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Paulo Pimenta

Durante anos, as quotas dos associados, a receita de bilheteira e o aluguer da sala foram suficientes para garantir a sustentabilidade financeira do Coliseu, mas este ano os alarmes soaram e partiram do próprio presidente da Associação dos Amigos do Coliseu. “O senhor engenheiro José António Barros transmitiu-nos que só estava disponível para continuar como presidente no caso de ser encontrada uma solução entre a Secretaria de Estado da Cultura, a Área Metropolitana do Porto e a Câmara do Porto no que respeita ao passivo e ao financiamento do Coliseu”, explicou ao PÚBLICO o presidente da comissão executiva do Conselho Metropolitano do Porto, Lino Ferreira.

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Durante anos, as quotas dos associados, a receita de bilheteira e o aluguer da sala foram suficientes para garantir a sustentabilidade financeira do Coliseu, mas este ano os alarmes soaram e partiram do próprio presidente da Associação dos Amigos do Coliseu. “O senhor engenheiro José António Barros transmitiu-nos que só estava disponível para continuar como presidente no caso de ser encontrada uma solução entre a Secretaria de Estado da Cultura, a Área Metropolitana do Porto e a Câmara do Porto no que respeita ao passivo e ao financiamento do Coliseu”, explicou ao PÚBLICO o presidente da comissão executiva do Conselho Metropolitano do Porto, Lino Ferreira.

Aquelas três instituições são os principais accionistas da associação que gere o Coliseu desde que foi criada, em 1995, em resposta à tentativa de compra do espaço pela Igreja Universal do Reino de Deus. Até à data, a AMP não contribui financeiramente para a actividade da casa de espectáculos, limitando-se a pagar a quota anual de 1200 euros, como associada, mas a Câmara do Porto e algumas outras autarquias participam com a aquisição de bilhetes dos concertos Promenade e a Secretaria de Estado com uma comparticipação um pouco acima dos cem mil euros, para a produção de duas óperas, uma vez que fora de Lisboa, o Coliseu do Porto é a única instituição com capacidade para o fazer.

A “grave” situação financeira transmitida aos presidentes da AMP decorrerá de dois factores – a quebra de bilheteira e, em especial, a quebra de aluguer de sala, com a concorrência acesa que tem sido imposta pela Casa da Música. Com uma sala mais pequena e praticando preços mais competitivos, na tentativa de compensar a sua própria quebra de financiamento, a sala de espectáculos da Rotunda da Boavista estará a cativar cada vez mais artistas, provocando uma consequente quebra de ocupação da maior sala de espectáculos da cidade.

 Perante o problema, os principais accionistas devem tentar, agora, encontrar uma solução. “O que ficou decidido é que vamos estudar entre os três a solução a dar a este problema. Vamos decidir depois de conversar”, afirmou Lino Ferreira.

Até que surja uma proposta, José António Barros mantém a sua indisponibilidade para voltar a assumir a presidência dos Amigos do Coliseu, o que poderá pôr em risco a eleição de um novo presidente, prevista para a assembleia geral da associação agendada para 6 de Junho. Para esse dia está prevista a aprovação de contas e era previsível que fossem também apontados, pelos três principais accionistas, os três vogais do conselho de administração. Os estatutos definem que um destes três vogais será escolhido para presidente, uma escolha que cabe, rotativamente, a cada um dos três sócios institucionais.

Ao longo dos anos, a Secretaria de Estado, a câmara e a AMP indicaram sempre José António Barros e, este ano, a AMP preparava-se para fazer o mesmo, mas a decisão deverá ser adiada, caso não haja qualquer novidade sobre o futuro do espaço.

Inaugurado em 1941, o Coliseu do Porto é uma das obras mais emblemáticas do arquitecto Cassiano Branco e foi classificado como Monumento de Interesse Público em Novembro de 2012.

Notícia da Lusa substituída por notícia própria