Chocalhos querem ser património da UNESCO

Actualmente apenas existem 13 mestres chocalheiros pelo que a candidatura visa valorizar este património rural.

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O som dos chocalhos quer passar dos campos de gado para património da humanidade Daniel Rocha

Paulo Lima, coordenador do trabalho, afirma que esta candidatura se distinga de outras apresentadas pelo Estado Português porque “é à Lista do Património Cultural Imaterial com Necessidade de Salvaguarda Urgente”, que se destina “ao património em risco de desaparecer”.

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Paulo Lima, coordenador do trabalho, afirma que esta candidatura se distinga de outras apresentadas pelo Estado Português porque “é à Lista do Património Cultural Imaterial com Necessidade de Salvaguarda Urgente”, que se destina “ao património em risco de desaparecer”.

O projecto é liderado pela Turismo do Alentejo, em parceria com a Câmara de Viana do Alentejo e a Junta de Freguesia de Alcáçovas, mas o coordenador considera que se trata da “primeira vez” que Portugal apresenta à Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura “uma candidatura que é nacional, porque vai de Bragança até Angra do Heroísmo”, nos Açores.

Para Paulo Lima, a obtenção da aprovação da UNESCO será “muito importante“ para uma manifestação cultural que “está quase a desaparecer”. Dos 13 mestres chocalheiros que restam no país, a maioria no Alentejo e, especificamente, na freguesia de Alcáçovas, explicou que “nove têm mais de 70 anos e os outros têm entre 30 e 40 anos, mas nenhum tem aprendiz”.

Os chocalhos servem como identificadores do gado pois permitem, através do som emitido, saber onde estão os animais. “Para um urbano, o desaparecimento dos chocalheiros pode não ter importância, mas quem conhece e vive nas zonas rurais sabe que implica deixar de ouvir esse característico som dos campos, que é o do rebanho com os chocalhos”, disse o coordenador da iniciativa para quem a candidatura se distingue também por estar “a ser desenvolvida de forma ética ao nível das parcerias institucionais, provando que o turismo pode contribuir com boas práticas para a salvaguarda do património imaterial”.

O presidente da Turismo do Alentejo, António Ceia da Silva, defendeu que “a identidade e a genuinidade são determinantes na distinção e certificação de um destino turístico” e, acrescentou, que o facto da candidatura estar a ser alvo de análise “vem reforçar, junto dos mercados, a singularidade e diversidade” da região do Alentejo, frisou.

Também o presidente da Câmara de Viana do Alentejo, Bernardino Bengalinha Pinto, citado pela Turismo do Alentejo, se pronunciou e afirmou que a aprovação da candidatura ajudaria na valorização deste património e na salvaguarda de “uma arte tradicional e genuína que muito pode contribuir para a economia local”.