Tourada para angariar fundos para a igreja gera polémica em Oliveira de Frades

Grupo de amigos organiza tourada em Oliveira de Frades com fins solidários. Defensores dos animais contestam evento que se realiza à frente de igreja e que vai ajudar centro paroquial.

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Nelson Garrido

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Um abaixo-assinado está a ser promovido para ser entregue na autarquia de Oliveira de Frades a pedir o fim da tourada e, nas redes sociais, a indignação é demonstrada através de mensagens deixadas em páginas como a do Movimento Patinhas de Lafões SOS. Na internet está também a ser feito o apelo a que sejam enviados os protestos para várias instituições, entre elas o patriarcado de Lisboa.

Paula Tavares, um dos elementos do Movimento Patinhas de Lafões, quer impedir a realização da tourada ainda mais “num município que não tem qualquer tradição tauromáquica”. Lamenta que um evento solidário para uma instituição de cariz religioso recorra ao “assassínio dos animais” e espera que não seja preciso avançar com outras medidas de contestação, como por exemplo manifestações, porque o “ideal seria nem sequer se chegar a fazer”.

“Foi com alguma surpresa que vi tantas mensagens de desagrado pela tourada”, sublinha Paula Tavares que apela a que seja encontrado outro tipo de iniciativas que ajudem a angariar a verba para o Centro Social. “Há outras formas mais cristãs e humanas de angariar fundos como por exemplo espectáculos de música ou de outras expressões artísticas”.

Os organizadores do evento garantem que no dia 25 vai haver tourada e desvalorizam a polémica que está a ser criada. “Em todo o lado há polémica, mas este é um espectáculo que está devidamente licenciado. Eu também não gosto de futebol e levo com ele”, responde às críticas Sidónio Matias, que apela ao “respeito” na diversidade de opinião. “Nós organizamos estes espectáculos para apoiar quem necessita, os defensores dos animais deveriam era preocupar-se também em ajudar os que precisam”, justificou.

A iniciativa para a realização da tourada surgiu de um grupo de amigos de S. João da Serra que reside no Montijo. A causa é a angariação de verbas que ajudem nas obras de construção do Centro Social que se iniciaram em Outubro de 2013 mas que estão em risco de ficarem paradas por não haver verba suficiente. Segundo o bispo de Viseu, a organização do evento cabe ao grupo de amigos do Montijo que ofereceu ao Centro Social uma parte dos lucros obtidos com a tourada. “Não quero exprimir-me sobre o assunto, se o Centro deve ou não receber a verba, deixo à consideração do pároco de S. João da Serra”, afirmou D. Elídio Leandro. O padre não esteve disponível para prestar esclarecimentos.

Contactado pelo PÚBLICO, o presidente da Câmara de Oliveira de Frades, Luís Vasconcelos, também não quis comentar a iniciativa, afirmando apenas que a autarquia não é a organizadora da tourada.