Unidades de Saúde Familiares com melhores resultados do que os tradicionais Centros de Saúde

A conclusão é de um estudo que reúne dados de 2013. Começa esta quinta-feira o 6.º Encontro Nacional das Unidades de Saúde Familiares.

Foto
O estudo reúne dados de 2013 e conclui que os resultados das Unidades de Saúde Familiar são superiores aos dos Centros de Saúde Paulo Pimenta

"Quando nós estabelecemos alguma comparação, destacam-se melhores resultados das USF no seu conjunto, em particular do modelo B", afirmou à Lusa Bernardo Vilas Boas, Presidente da Direção da Associação Nacional de Unidades de Saúde Familiar (USF).

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

"Quando nós estabelecemos alguma comparação, destacam-se melhores resultados das USF no seu conjunto, em particular do modelo B", afirmou à Lusa Bernardo Vilas Boas, Presidente da Direção da Associação Nacional de Unidades de Saúde Familiar (USF).

Reunindo dados de 2013 a nível nacional, Vilas Boas destacou que as USF, especialmente o subgrupo do modelo B, mostraram ter "melhor acesso, desempenho, vigilância de saúde materno-infantil, doença crónica e na área da prevenção oncológica, acompanhada de menores custos em medicamentos e MCDT (Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica)". Os parâmetros analisados são "objecto de contratualização anualmente e são definidos pela administração central dos sistemas de saúde", explicou o responsável.

De acordo com dados fornecidos pela ACSS (Administração Central do Sistema de Saúde), e citados pelo responsável no estudo a apresentar, as USF modelo B apresentaram um custo menor com medicamentos facturados por utilizador do que as UCSP, em menos 29,67%. Quanto à acessibilidade, as USF-B apresentaram "um resultado superior às UCSP em 128,15%" no que diz respeito à taxa de domicílios efectuados por médicos por cada mil inscritos, e um resultado também superior em 76,46% na taxa de utilização de consultas.

No âmbito da vigilância de saúde, a proporção de grávidas com consulta médica de vigilância no primeiro trimestre nas USF-B foram superiores em 5,95% do que nas UCSP e a de recém-nascidos com consulta até aos 28 dias foi superior em 21,75%.

Já ao nível da prevenção oncológica, as USF-B registaram mais 111,28% de mulheres entre os 25 e os 60 anos a realizarem o exame de teste Papanicolau e mais 1112,45% de pacientes a efectuarem rastreio do cancro do colorretal.

Inovação na organização

Para Bernardo Vilas Boas, os bons resultados das USF de modelo B derivam "do que é nuclear na própria reforma, na própria mudança que é a inovação em termos de organização, da criação de uma equipa multiprofissional de médicos, enfermeiros e secretários que têm um estatuto de autonomia e de responsabilidade em relação ao funcionamento da própria unidade".

A equipa tornou-se assim responsável "pelo cumprimento de horário, pela inter-substituição, pela resposta rápida em situações agudas, pelo plano de acção, pela definição de objectivos, pela contratualização de metas e depois pela avaliação e prestação de contas".

"No fundo são as novas regras e os novos princípios que estão definidos no decreto que criou as USF e que deram origem à reforma dos cuidados de saúde primários", assinalou.

De acordo com o Portal da Saúde, em Outubro de 2007 o Ministério da Saúde aprovou uma lista de critérios e metodologia que permitiram classificar as USF em três modelos -- A, B e C -- com o modelo B a abranger as unidades do sector público administrativo com um regime retributivo especial para todos os profissionais, integrando remuneração base, suplementos e compensações pelo desempenho.
O 6.º Encontro Nacional das USF decorre entre hoje e 10 de M aio na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).