AMI registou novos 409 casos de pobreza por mês em 2013

Mais de 30% do total da população apoiada refere-se a novos casos de pobreza. A precariedade financeira e o desemprego foram os principais motivos invocados.

Foto
A baixa escolaridade continua a ser uma característica dominante, mas há cada vez mais licenciados a precisar de ajuda Manuel Roberto

Segundo o Relatório de Actividades e Contas 2013 da AMI, publicado no site da organização, 31% do total da população apoiada refere-se a novos casos de pobreza. No ano passado, recorreram directamente à AMI 15.802 pessoas, mais 0,2% face a 2012, o valor mais elevado em 19 anos de intervenção da organização em Portugal.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Segundo o Relatório de Actividades e Contas 2013 da AMI, publicado no site da organização, 31% do total da população apoiada refere-se a novos casos de pobreza. No ano passado, recorreram directamente à AMI 15.802 pessoas, mais 0,2% face a 2012, o valor mais elevado em 19 anos de intervenção da organização em Portugal.

Na Área Metropolitana de Lisboa, houve 7708 pessoas a pedir ajuda, mais 2% face a 2012, enquanto na Área Metropolitana do Porto foi registada uma quebra de 4% na procura, totalizando 5557 pedidos. Em Coimbra, recorreram ao Centro Porta Amiga 511 pessoas, mais 14% do que no ano anterior. No Funchal, 753 pessoas pediram apoio (menos 20%) e em Angra do Heroísmo 900 (mais 8%).

A precariedade financeira (82%) e o desemprego (60%) foram os principais motivos invocados pelas pessoas que recorreram aos serviços sociais, seguindo-se a doença (21%), os problemas familiares (19%) e a falta de habitação ou desalojamento (7%).

Do total de beneficiários que evocaram a habitação como motivo de recurso aos apoios da AMI, 74% são homens e 26% mulheres. Das pessoas que recorrem à AMI, 10.647 moram em casa alugada (67%), mais 7% face a 2008, sendo que, destas, pelo menos 3261 são habitação social (31%). O documento adianta que 2117 pessoas têm habitação própria (13%), mais 2% relativamente a 2008.

Dos que vivem em casa própria ou casa alugada, 415, mais 14% que em 2012, não têm acesso a água canalizada ou têm-na de forma ilegal, 627 (mais 45%) não têm acesso a luz ou têm electricidade de forma ilegal. Noventa e cinco (menos 20% que em 2012) não têm ligação à rede de esgotos, 113 não têm cozinha (destas, 29 têm acesso a cozinha colectiva), 163 não têm retrete (39 têm acesso a retrete colectiva).

De acordo com o documento, as despesas mensais com rendas ou amortizações de 2461 pessoas (21%) são inferiores a 100 euros. Das pessoas que procuram apoio, 1075 disseram que o fizeram por necessidades relacionadas com o alojamento, tendo 676 pessoas (mais 65% do que no ano anterior) referido situações de endividamento por rendas em atraso ou crédito à habitação que não conseguem cumprir.

A população em idade activa (67%) continua a ser quem mais recorre aos centros sociais e têm idades entre os 30 e os 59 anos (44%). Verificou-se também "um aumento significativo" no número de crianças com menos de 16 anos e de idosos. "Se em 2008 as crianças representavam 15% da população apoiada (...), em 2013 esta percentagem aumentou para 26% do total", sublinha o documento.

A baixa escolaridade continua a ser uma característica dominante, sendo que 52% têm o 1.º ou 2.º ciclo, 16% o 3.º ciclo e 6% têm o ensino secundário. O número de pessoas com habilitações ao nível do ensino médio e superior aumentou 36%, passando de 183, em 2008, para 248, em 2012. Das 248 pessoas, 140 têm uma licenciatura ou uma habilitação superior (cinco com mestrado e quatro com doutoramento). Os recursos económicos destas pessoas provêm sobretudo de apoios sociais, como o Rendimento Social de Inserção (22%), das pensões e reformas (18%) e dos subsídios e apoios institucionais (15%). Mas 20% das pessoas não têm qualquer "rendimento formal", mais 5% face a 2012.