Paulo Vieira

Bem sei que parece sempre que exagero. Mas já o conheço há 30 anos. Ele fez produções de moda para a revista K e sempre foi brilhante. Mas, preguiçosamente, foi só neste ano de 2014 que lá fui cortar o cabelo, duas vezes.

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Bem sei que parece sempre que exagero. Mas já o conheço há 30 anos. Ele fez produções de moda para a revista K e sempre foi brilhante. Mas, preguiçosamente, foi só neste ano de 2014 que lá fui cortar o cabelo, duas vezes.

Ir ao salão dele – o do antigo Ayer, brilhantemente concebido por Lucien Donnat – já é um prazer decorativo, estético e conservador.

O ambiente é de alegria e de cumplicidade. O Paulo Vieira corta-me o cabelo enquanto fala comigo, cheio de conselhos sábios e puros.

No ambiente antigo do Ayer sente-se o conforto da modernidade. É um lugar onde não só nos cortam o cabelo como nos sentimos bem.

O meu pai ensinou-me que, quando se conhece um fanático, deve-se sempre ouvi-lo falar sobre a coisa que ama. O Paulo é pouco falador – porque está a pensar como há-de cortar – mas gosto de lhe fazer perguntas. Ele pára de cortar, afasta-se, cruza os braços e responde. Transtorna todas as aldrabices publicitárias e ensina-nos a simplicidade com que se trata bem do cabelo.

Cada cabeça, cada sentença: o Paulo começa do zero com todos os clientes, procedendo com uma concentração espantosa. Não há bisbilhotices ou conversas tagarelas acerca das férias ou dos filmes. Não há curiosidades ou fingimentos. É um artista que está a trabalhar – e mais nada.