Janelas abertas
"Nem está calor nem está frio" é dito como protesto mas é a melhor temperatura de todas.
Os andorinhões não voltaram ao fim da tarde. Só tivemos as andorinhas, esplêndidas com a verdade delas, menos exigente talvez. Voam como quem ninguém desenha, com um traço muito mais livre do que o de Picasso.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Os andorinhões não voltaram ao fim da tarde. Só tivemos as andorinhas, esplêndidas com a verdade delas, menos exigente talvez. Voam como quem ninguém desenha, com um traço muito mais livre do que o de Picasso.
Anteontem soprou um vento quente a ameaçar chuva quente ou trovoada. Choveu só um pouco mas o transtorno notou-se. O tempo está a mudar mas ainda não é um tempo que alguém queira.
A importância da temperatura é flagrante. Escrevo de janela aberta, só com uma T-shirt vestida. O mundo inteiro entra pelo escritório: os cheiros, os sons, a luz das estrelas e, sobretudo, o ar.
É bom estar à mesma temperatura do que o mundo lá fora. Quando vier o calor fugiremos para as sombras e para a água e para o frio eléctrico. Mas há, por estes dias de agora (e algumas noites) uma sintonia térmica que é a definição da Primavera.
"Nem está calor nem está frio" é dito como protesto (por não estar mais calor) mas é exactamente a melhor temperatura de todas.
É pena durar tão pouco. Ou nem sequer darmos por ela. Como se pode deixar de admirar a dificuldade que há em acertar a temperatura cá dentro (e cá dentro de nós) e a da temperatura lá de fora?