Quercus defende que Portugal deve apostar em energias renováveis e prevenção de incêndios

Reacção ao relatório da ONU sobre alterações climáticas.

Foto
A comunidade intermunicipal do Alto Minho quer ter competências na área do ambiente Adriano Miranda (arquivo)

Francisco Ferreira explica que o combate às alterações climáticas pode ser visto como uma oportunidade para o país se tornar eficiente e menos dependente do exterior. "Não temos gás natural, carvão e petróleo. Temos de apostar nas energias renováveis", considera.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Francisco Ferreira explica que o combate às alterações climáticas pode ser visto como uma oportunidade para o país se tornar eficiente e menos dependente do exterior. "Não temos gás natural, carvão e petróleo. Temos de apostar nas energias renováveis", considera.

Na opinião do ambientalista, a população pode ajudar a lidar com as alterações climáticas reduzindo os consumos de água e electricidade sem mudar a qualidade de vida. "Noutras áreas vamos ter de nos adaptar. Na erosão costeira vamos ter de tomar decisões complicadas sobre como lidar com uma costa que está a desaparecer e que no futuro vai ficar mais vulnerável."

No que diz respeito aos incêndios em Portugal, Francisco Ferreira considera que a prioridade tem de ser as medidas de prevenção e não o combate.

Para a Quercus, os governos português e europeus devem avançar com propostas climáticas "mais ambiciosas". "É muito importante que a população perceba que este é o maior problema ambiental, social e económico e que deve ser pedido aos políticos para agirem de forma urgente face aos impactos que os cientistas têm vindo a alertar.

O relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) das Nações Unidas, divulgado no Japão esta segunda-feira, apresentou a forma como os impactos físicos se relacionam com a exposição e a vulnerabilidade da população, produzindo um risco para a sociedade.

"O relatório fala-nos daquilo que é necessário e possível fazer em termos de adaptação a um clima que está em mudança. Aponta para um conjunto de questões que são mais ou menos óbvias e insiste no que já se sabia de um relatório anterior: que a alteração é provocada pela acção humana", informa Francisco Ferreira.

O ambientalista salientou a necessidade de se reduzirem as emissões de dióxido de carbono bem como de outros gases que estão relacionados com o uso de combustíveis fósseis, ou seja, com o uso mais racional da energia. "Temos de apostar nas fontes de energia renováveis, na eficiência energética. Este é o trabalho que tem de ser feito e, na Europa está, infelizmente, atrasada."

Perante o cenário apresentado no relatório, a Quercus salientou, em comunicado, que o alerta deverá pressionar a União Europeia (UE) para tomar medidas mais dramáticas relativamente ao clima. Assim, deve avançar com um pacote climático e energético o mais forte possível para o período pós-2020, incluindo metas obrigatórias para as emissões de gases de efeito estufa, as energias renováveis e a poupança de energia.

A Quercus apela, também, ao Governo português e aos restantes líderes europeus para levarem adiante uma nova proposta mais ambiciosa e a tempo da Cimeira sobre alterações climáticas com o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, a ter lugar a 23 de Setembro. Adianta também que a UE deve aumentar o financiamento para medidas relacionadas com o clima, o que pode ser alcançado, por exemplo, cortando subsídios actualmente existentes para as indústrias utilizadoras de combustíveis fósseis.