Associação são-joanense amiga dos animais acusa polícia de recolher cães “por vias pouco lícitas”

PSP garante que está a cumprir a lei para resolver uma questão de saúde pública e de segurança.

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Dia Internacional do Animal Abandonado é assinalado neste sábado Miguel Madeira

“A polícia começou a ir sozinha para as capturas, utilizando os dardos que só podem ser usados com a presença da veterinária municipal que faz a dosagem dos sedantes a colocar nesses dardos”, conta Teresa Oliveira, presidente da Ani São-João, que considera que não é este o caminho para a "limpeza da cidade dos animais errantes”.

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“A polícia começou a ir sozinha para as capturas, utilizando os dardos que só podem ser usados com a presença da veterinária municipal que faz a dosagem dos sedantes a colocar nesses dardos”, conta Teresa Oliveira, presidente da Ani São-João, que considera que não é este o caminho para a "limpeza da cidade dos animais errantes”.

A matilha que, segundo a associação, a PSP tem perseguido tinha seis cães "de grande porte, mas que não atacavam ninguém". Quatro foram encontrados sem vida nos últimos dias. A Ani São-João revela que encontrou “sinais de envenenamento” e quer esclarecer se as mortes dos cães terão sido uma coincidência acidental ou uma operação preparada. Nesse sentido, os corpos foram congelados para serem autopsiados. “Queremos saber qual a causa das mortes para tirarmos as dúvidas do que terá sido”, adianta a presidente da Ani São-João.

Teresa Oliveira garante que a solução para recolher os animais das ruas da cidade são-joanense passa pela construção de raiz de um canil e de um gatil. Um desejo alimentado nos últimos anos. Neste momento, a associação funciona no antigo centro de recolha de animais com oito jaulas pequenas habitadas por 22 cães. Em 2013, a associação recolheu 94 cães, 56 foram adoptados, 22 continuam no canil e 16 estão em famílias de acolhimento.

“A construção de um canil seria a solução ideal para que não houvesse animais nas ruas e para que não fossem encaminhados para o canil intermunicipal, onde são abatidos”, refere. A Ani São-João já tem as plantas fornecidas pela câmara com os terrenos que estão disponíveis para a nova infra-estrutura e aguarda uma reunião com os responsáveis autárquicos para avançar com o projecto. A autarquia cede o terreno, a associação assume o projecto e as obras. 

Contactada pelo PÚBLICO, a subcomissária Rosa Maria Gomes que comanda a PSP de São João da Madeira remeteu explicações para a PSP de Aveiro que refere que a esquadra são-joanense tem prestado colaboração à câmara na captura e recolha de cães vadios, de acordo com o que a lei prevê.

“A intervenção visa resolver uma questão de saúde pública e de segurança da população, uma vez que se constata a existência de matilhas de cães errantes que têm causado ferimentos em transeuntes e natural apreensão na população”, escreve numa nota enviada por email. E acrescenta que a actuação das entidades competentes, nomeadamente dos serviços veterinários da câmara, “cumprem as normas emanadas pela Direcção-Geral de Veterinária para a captura e recolha destes animais”.