Falta de medicamentos nas farmácias é "um problema grave", diz a ANF

Infarmed diz que são apenas três os medicamentos sem alternativa terapêutica em ruptura de stock nas farmácias.

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Uma das despesas apoiadas por este programa é a compra de medicamentos por parte de famílias em dificuldades Paula Abreu/Arquivo

São dados da Associação Nacional de Farmácias (ANF) que, desde Julho do ano passado, monitoriza este problema  e que por isso não se surpreende com a informação divulgada nesta segunda-feira pelo Jornal de Notícias, de que a Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) tem conhecimento de 716 medicamentos em ruptura de stock, 43 dos quais sem alternativa terapêutica.”O problema é grave, é transversal  e já é conhecido há algum tempo. Faltam todo o tipo de medicamentos em Portugal”, sintetiza o secretário-geral da ANF, Nuno Flora.  

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São dados da Associação Nacional de Farmácias (ANF) que, desde Julho do ano passado, monitoriza este problema  e que por isso não se surpreende com a informação divulgada nesta segunda-feira pelo Jornal de Notícias, de que a Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) tem conhecimento de 716 medicamentos em ruptura de stock, 43 dos quais sem alternativa terapêutica.”O problema é grave, é transversal  e já é conhecido há algum tempo. Faltam todo o tipo de medicamentos em Portugal”, sintetiza o secretário-geral da ANF, Nuno Flora.  

O Infarmed esclareceu, entretanto, que são "apenas três os medicamentos em ruptura nas farmácias, sem alternativa terapêutica". Dos 43 fármacos referidos, dois já estão no mercado, 25 têm alternativa terapêutica e 13 são de uso exclusivo nos hospitais, frisa o Infarmed, que nota que este número era "um indicador que não pode ser lido isolamente, sendo válido apenas para o dia em que foi contabilizado".

Os fármacos em falta, não especificados, são sobretudo medicamentos antipsicóticos, antiepilépticos, anticoagulantes e medicamentos para a doença de Parkinson e para a disfunção eréctil.

“Os doentes andam de farmácia em farmácia, alguns vão mesmo a Espanha comprar os medicamentos”, descreve Nuno Flora. Uma solução passa por importar lotes de outros fornecedores, mas o processo é complicado e a importação nem sempre se consegue.

"O problema não se vai resolver enquanto não se atacarem as causas", sublinha o secretário geral da ANF, para quem “a política de descida abrupta de preços” é o principal motivo do estado a que se chegou. “O nível de preços é tão baixo que os produtores deixam de ter interesse em colocar no mercado [vários medicamentos]”, diz. Outra explicação é a cada vez mais complicada situação financeira das farmácias, que faz com que se vejam obrigadas a ter stocks reduzidos ao mínimo.

O Infarmed garantiu ao JN que nos últimos meses tem havido uma “notória diminuição” nas falhas de acesso aos fármacos. A ANF contrapõe que o problema não diminuiu, mas sim estabilizou. O PÚBLICO pediu esclarecimentos ao Infarmed, mas até agora não obteve resposta.