Doentes recusam rim por falta de dinheiro para transporte após transplante

O problema não se põe em todos os hospitais, pois alguns deles pagam as deslocações aos doentes a seguir à intervenção

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Durante um fórum organizado pela Sociedade Portuguesa de Transplantação (SPT), que decorreu em Lisboa, os especialistas alertaram para as consequências das dificuldades económicas dos doentes. Em alguns casos, contaram, os pacientes que vivem longe dos centros de transplantação chegam a rejeitar a possibilidade de receberem um rim, para evitarem ter de ir a consultas pós-transplantação várias vezes por semana. O presidente da SPT, Fernando Macário, confirma estas dificuldades e explicou que o problema não se põe em todos os hospitais, pois alguns deles pagam as deslocações aos doentes a seguir à intervenção. O tratamento diferenciado estende-se ao fornecimento de medicamentos, com alguns hospitais a optarem por entregar remédios para apenas um mês e outros a optarem por garantir três meses de medicação. A consequência, diz Fernando Macário, é que os doentes que não conseguem assegurar o transporte até aos hospitais optam por falhar a medicação, com consequências graves para o seu estado de saúde.

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Durante um fórum organizado pela Sociedade Portuguesa de Transplantação (SPT), que decorreu em Lisboa, os especialistas alertaram para as consequências das dificuldades económicas dos doentes. Em alguns casos, contaram, os pacientes que vivem longe dos centros de transplantação chegam a rejeitar a possibilidade de receberem um rim, para evitarem ter de ir a consultas pós-transplantação várias vezes por semana. O presidente da SPT, Fernando Macário, confirma estas dificuldades e explicou que o problema não se põe em todos os hospitais, pois alguns deles pagam as deslocações aos doentes a seguir à intervenção. O tratamento diferenciado estende-se ao fornecimento de medicamentos, com alguns hospitais a optarem por entregar remédios para apenas um mês e outros a optarem por garantir três meses de medicação. A consequência, diz Fernando Macário, é que os doentes que não conseguem assegurar o transporte até aos hospitais optam por falhar a medicação, com consequências graves para o seu estado de saúde.

A coordenadora do gabinete da região Centro, Ana Maria Galvão da Silva, alerta para a gravidade destes casos, pois “um transplantado não é um doente qualquer”. Entre as várias diferenças de tratamento apontadas pelos especialistas está ainda a administração de medicamentos genéricos, que estará a ser imposta por algumas administrações hospitalares. Fernando Macário esclarece que os profissionais não têm nada contra os genéricos, mas alerta para as consequências de mudanças ao longo do tratamento: “O que acontece é que os medicamentos são mudados, consoante o seu valor vai baixando, o que pode pôr em causa a estabilidade do doente ao nível da imunossupressão, fundamental para o órgão transplantado não ser rejeitado”.

Os participantes no encontro reiteraram a necessidade de um registo nacional de transplantação, com a coordenadora nacional de transplantação, Ana França, a concordar com a reivindicação dos profissionais.