Campanha portuguesa a favor da limpeza de minas de guerra

A Halo Trust dedica-se a retirar em segurança minas que a guerra deixou em 16 países do mundo, incluindo Angola e Moçambique. O vídeo “Every Little Penny Counts” conta com a ideia original, produção e realização de uma equipa portuguesa

A tragédia não termina quando a guerra acaba, e muitos são os casos em que cidadãos aleatórios acabam por descobrir da pior forma — através de campos minados — o rasto que os conflitos deixaram. “Every Little Penny Counts”, vídeo realizado por Rogério Serrasqueiro, celebra os 25 anos da The Halo Trust e contou com a produção da Garage — ideia original da Moon Lisboa.

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A tragédia não termina quando a guerra acaba, e muitos são os casos em que cidadãos aleatórios acabam por descobrir da pior forma — através de campos minados — o rasto que os conflitos deixaram. “Every Little Penny Counts”, vídeo realizado por Rogério Serrasqueiro, celebra os 25 anos da The Halo Trust e contou com a produção da Garage — ideia original da Moon Lisboa.

Na curta, de aproximadamente um minuto de duração, um grupo de miúdos joga à bola num campo de terra batida. Depois de um remate vitorioso, a bola perde-se no baldio. As equipas ficam petrificadas até que um miúdo leva a mão ao bolso e lança um punhado de moedas na direcção que pretende seguir. Uma delas provoca uma explosão e o sorriso das crianças.

Para a rodagem do filme, uma "micro equipa" portuguesa (cinco pessoas) viajou até Cabo Verde, um país que não é afectado por este problema específico, mas que continha a “atmosfera africana” pretendida, conta o realizador ao P3.

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Na semana de filmagens, a comunidade local mobilizou-se em volta desta causa (com a colaboração de duas escola locais e da Força Aérea de Cabo Verde), que passou a ser vista com outros olhos depois do estrondo do primeiro explosivo, para efeitos de filmagem: “O chão parece que nos sai debaixo dos pés. Mudamos a nossa interpretação do que seria pisar uma mina”.

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Explosivos e um "silêncio de morte"

"Usámos explosivos verdadeiros". Foram "duas ou três explosões". "Testámos antes das filmagens. Eu e a minha equipa fomos para a frente. Colámo-nos a uma distância mais do que segura e mesmo assim sentimos o impacto... é brutal. Sente-se um efeito de vácuo... o chão... e sente-se que algo de anormal aconteceu. Nos segundos que se seguem não se ouve sequer a pouca vida animal que anda por aquela zona. Fica um silêncio de morte. São dois ou três segundos. Depois, volta tudo ao normal", explica Rogério Serrasqueiro. "Foi um projecto feito com o coração".

A organização não-governamental vive exclusivamente de donativos e colaboradores, onde “o mais pequeno tostão conta”, como é transmitido metaforicamente pelo vídeo.

Nos anos 90, a Princesa Diana deu grande visibilidade a esta organização, depois de uma visita aos campos de minas em Angola, em 1997. Actualmente, Angelina Jolie e o Príncipe Harry são os embaixadores mais conhecidos.

The Halo Trust, que comemora 25 anos (e que pretende exibir este filme brevemente durante uma gala de angariação de fundos), já conseguiu remover mais de 1,4 milhões de minas e armamento perigoso para as populações e que ocupam grandes terrenos agrícolas férteis e cortam acessos a fontes de água potável e infra-estruturas. “Um dos mais terríveis problemas de África”, como descreve a Moon Lisboa.