Misericórdia de Vila do Conde guarda espólio desde os Descobrimentos

Instituição vai abrir em 2015 na cidade um espaço dedicado à sua memória. Obra deve começar nas próximas semanas.

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Realizado já o concurso, e escolhido o vencedor, uma empresa especializada em reabilitação urbana, a Santa Casa espera apenas pela assinatura do contrato com o Programa Regional ON.2, que financiará com mais de 1,44 milhões de euros uma empreitada orçamentada em mais de dois milhões, para adjudicar a empreitada. Que inclui, para além da obra na casa, numa profunda intervenção, o alargamento da área construída para uma parte do belo jardim da moradia, situado já na rua Dr. António de Andrade.

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Realizado já o concurso, e escolhido o vencedor, uma empresa especializada em reabilitação urbana, a Santa Casa espera apenas pela assinatura do contrato com o Programa Regional ON.2, que financiará com mais de 1,44 milhões de euros uma empreitada orçamentada em mais de dois milhões, para adjudicar a empreitada. Que inclui, para além da obra na casa, numa profunda intervenção, o alargamento da área construída para uma parte do belo jardim da moradia, situado já na rua Dr. António de Andrade.

O edifício já tinha sido comprado em 2006, e desde então a Misericórdia acalentava o projecto de ali instalar o seu centro de memórias, que terá uma óbvia valência de museu, mas não se ficará por aí, garante o provedor. Arlindo Maia explicou ao PÚBLICO que pretende abrir a casa às escolas, pondo as crianças em contacto com uma das instituições mais marcantes da cidade. Uma organização que guarda um vasto espólio, entre objectos ligados ao culto litúrgico, obras de arte e documentos essenciais para a compreensão da história de Vila do Conde.

Detentora de uma igreja e de um pelourinho classificados, em cuja área de protecção se encontra o futuro centro de memórias, o projecto que será agora posto em prática teve de ser articulado com a Direcção Regional de Cultura, que aprovou uma alteração da cércea do imóvel. Arlindo Maia explica que a casa será alterada, no interior, e incluirá um espaço onde o restauro das peças vai ser feito à vista dos visitantes, alertando-os assim para a importância dessa tarefa de preservação do património.

A Santa Casa da Misericórdia de Vila do Conde foi fundada em 1510, ou seja, 12 anos depois da criação da Misericórdia de Lisboa pela Rainha D.ª Leonor. O ambiente no concelho era naquele tempo, e embora a uma escala menor, comparável ao da Capital. A foz do Ave está intimamente ligada à construção naval e às rotas de navegação abertas com os Descobrimentos, e ali afluíam forasteiros em busca de trabalho e oportunidades.

Num reino que tinha tanto de novas riquezas como de desigualdades, a instituição acabou por fazer o seu caminho, fazendo obras e acumulando património. Chegou a ter, na cidade, um hospital mandado construir por um castelhano em 1617, que foi marca da presença Filipina. O imóvel haveria de ser demolido no século XX para dar lugar, em 1922, ao actual edifício onde funciona o pólo local do Centro Hospitalar de Vila do Conde/Póvoa de Varzim, nas mãos do Estado desde 1975.   

Esta relação entre a actividade da Santa Casa e uma cidade aberta ao mundo, por via dos descobrimentos, é um dos aspectos que a instituição pretende explorar nas exposições que serão montadas no novo centro de memórias. Um espaço que Arlindo Maia espera conseguir abrir até à Pascoa de 2015.