EDP vai distribuir 60 cães de gado nos próximos três anos no Baixo Sabor
A iniciativa prevê diversas acções para garantir, entre outras, a redução do potencial de conflito entre o lobo e os pastores
Esta medida está inserida nas compensações dos impactos ambientais resultantes da construção da barragem do Baixo Sabor, no concelho de Torre de Moncorvo, que se encontra na recta final.
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Esta medida está inserida nas compensações dos impactos ambientais resultantes da construção da barragem do Baixo Sabor, no concelho de Torre de Moncorvo, que se encontra na recta final.
A iniciativa prevê diversas acções para garantir a abundância de presas naturais, a redução da perturbação humana e ainda a redução "do potencial de conflito" entre o lobo e os pastores, devido aos ataques a que os rebanhos estão sujeitos.
"Após a entrega dos animais aos pastores, há um período em que o Grupo o Lobo dá apoio no acompanhamento dos mesmos, fazendo a vacinação, acompanhando o desenvolvimento dos animais e verificando se os cães são eficazes na protecção dos rebanhos", disse hoje à Lusa Teresa Rocha, represente da EDP.
"Equipados" com este fiel companheiro, bem tradicional, de alarme e defesa, os pastores da região terão menos necessidade de afugentar lobos do seu habitat natural, salvaguardando uma espécie que é protegida por lei.
Alípio Janeiro é um pastor de aldeia de Fornos (Freixo de Espada à Cinta) a quem foi entregue há sete meses uma cadela de gado transmontana, animal que ainda se encontra em fase de "aprendizagem" nas lides dos pastoreio e guarda do rebanho e que começa agora a desempenhar a sua missão.
No entanto, a "Diana", assim é o nome do animal, não deixa os créditos por mãos alheias e parece estar a adaptar-se à sua função de proteger um rebanho de ovelhas de possíveis investidas de lobos.
"Vamos ver o que aprende. Espero que seja boa para guardar o gado. Às coisas estranhas já dá sinal. Quanto ao resto, não têm aparecido lobos pela aldeia apesar de terem rondado as imediações", acrescentou o pastor.
Além de cães, caberá ainda à EDP e aos seus parceiros locais a criação de pastagens para presas, definição de zonas de refúgio, de exclusão de caça, pontos de água, entre outras soluções para garantir que o mítico lobo das serranias transmontanas não desaparecerá.
Por seu lado, Ana Guerra, do Grupo o Lobo, refere que a ideia da inclusão de cães pastores nas medidas de protecção ambiental do Baixo Sabor tem por objectivo reduzir "o conflito que existe entre os lobos e os pastores".
Neste projecto, foram adaptados cães de gado transmontanos, que apesar do seu feitio dócil, são "exímios" guardadores de gado.
"Estes animais seleccionados pertencentes a uma raça autóctone, são dissuasores dos ataques de lobos, já que foram seleccionados para esse efeito. Quando são inseridos no rebanho passam a reconhecê-lo como sua família, sendo o seu instinto proteger o rebanho", concluiu a técnica.
Já foram entregues cinco cães, o ultimo dos quais na quinta-feira, na aldeia de Souto da Velha, Torre de Moncorvo.