Um candidato em campo

Benfica vence derby por 2-0 e reforça liderança do campeonato. Ataque com dois avançados não resultou e Sporting sai da Luz a cinco pontos do topo.

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Foto: Pedro Nunes/AFP

Desta vez não houve lã de rocha a voar, nem placas de metal a cair, e o vento não soprava com a mesma intensidade, mas havia menos público. Cinquenta horas e 15 minutos depois da hora marcada, finalmente começava o derby da 18.ª jornada. O plano não mudou em nenhum dos lados. Jorge Jesus e Leonardo Jardim mantiveram os mesmos que eram para ter jogado no passado domingo. No Benfica, era o plano habitual, no Sporting era a novidade dos dois avançados (Slimani e Montero) mais a estreia de Heldon. E a opção esperada para o jogador mais insubstituível dos “leões”. Sem William Carvalho, era Eric Dier que funcionaria como médio mais recuado.

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Desta vez não houve lã de rocha a voar, nem placas de metal a cair, e o vento não soprava com a mesma intensidade, mas havia menos público. Cinquenta horas e 15 minutos depois da hora marcada, finalmente começava o derby da 18.ª jornada. O plano não mudou em nenhum dos lados. Jorge Jesus e Leonardo Jardim mantiveram os mesmos que eram para ter jogado no passado domingo. No Benfica, era o plano habitual, no Sporting era a novidade dos dois avançados (Slimani e Montero) mais a estreia de Heldon. E a opção esperada para o jogador mais insubstituível dos “leões”. Sem William Carvalho, era Eric Dier que funcionaria como médio mais recuado.

Fica por saber se a surpresa de Jardim teria resultado caso o jogo tivesse acontecido no dia marcado, mas o Sporting que se apresentou na Luz era uma equipa de vocação indiscutivelmente ofensiva. O que costuma ser sempre o plano B de Jardim era o plano A, mas o Sporting não se conseguiu adaptar às próprias novidades, sobretudo à novidade de ter de jogar sem William, que é muito mais que um trinco destruidor. Sem o jovem angolano, o meio-campo dos “leões” deixou de ter alguém para estar sempre no sítio certo, a roubar bolas e a passá-las com critério. Dier não estava à altura de William e disso se aproveitou o Benfica, com um meio-campo mais rodado, fazendo avançar os seus laterais para criar superioridade no ataque.

O Benfica era tudo o que o Sporting não era. Dinâmico, com rapidez de raciocínio e olhos postos na baliza. Enzo Pérez e Fejsa ganhavam o duelo do meio-campo e Gaitán não deixava Piris em paz. O jogo só tinha um sentido e o domínio “encarnado” era esmagador. Os jogadores ganhavam todos os duelos e todas as bolas e o golo era só uma questão de tempo. Podia ter acontecido mais cedo, aconteceu aos 27’. Piris escorregou, a bola ficou para Fejsa, que a meteu de imediato em Maxi Pereira. O uruguaio fez o cruzamento e Gaitán, na área, fugiu à marcação e cabeceou para o golo na cara de Rui Patrício.

A reacção sportinguista foi ténue e descoordenada. Um flash de Heldon, um passe de Adrien, era tudo o que os visitantes conseguiam fazer. A falta de circulação de bola e a incapacidade em colocá-la nos flancos não permitia a aproximação à baliza de Oblak. E só o tremendo desperdício benfiquista fez com que os “leões” chegassem vivos para o jogo ao intervalo. O 1-0 era lisonjeiro para uma equipa que parecia nem sequer ter aparecido na Luz.

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Leonardo Jardim não mudou nada para a segunda parte e o jogo também não mudou. O Sporting continuava ausente e o Benfica estava omnipresente. Mas enquanto a diferença estivesse na margem mínima, tudo podia acontecer. Algum momento de inspiração sportinguista, algum erro benfiquista, algo podia mudar um jogo de natureza tão imprevisível como este derby.

Do lado do Sporting, esse momento aconteceu aos 62’, quando Heldon conseguiu entrar na área com a bola controlada e ficou na cara de Oblak, mas o ex-jogador do Marítimo atirou por cima. Foi um oásis no meio do deserto “leonino”. Jardim ainda tentou mexer, fazendo entrar Capel, Magrão e Mané, recuando Dier para central e metendo Rojo na esquerda, mas não havia nada a fazer.

O Benfica, que tinha abrandado ligeiramente o ritmo, voltou a acelerar. Aos 69’ e 76’, Rui Patrício ganhou por duas vezes o duelo com Rodrigo, mas o golpe de misericórdia não tardou. A falta de pressão sportinguista após a segunda defesa de Patrício deixou que a bola chegasse a Enzo Pérez e este, com um remate colocado, depois de uma primeira simulação, fez o 2-0 de pé esquerdo, dando uma expressão numérica mais justa às diferenças entre os dois rivais.

O Benfica, mais adulto, com mais opções e mais candidato. O Sporting, limitado pela ausência do seu melhor jogador, sem opções e sem capacidade para bater os seus rivais directos. Um é, sem reservas e assumido, candidato ao título, uma equipa feita e que sabe o que está a fazer. O outro é uma equipa em crescimento, que tem feito muito ao longo desta época, mas que faz bem em não se declarar candidato. Pode até sê-lo, mas nesta terça-feira não o mostrou.