Jovens fazem rádio para pensar a cidadania

Projecto europeu está a ser desenvolvido em três programas Escolhas, dois no Porto e outro em Coimbra

Foto
A emissão respira hip-hop Bárbara Raquel Moreira

Há três projectos Escolhas, um programa governamental para a inclusão dos jovens, a fazer as esporádicas emissões na RadioActive - destinada a criar uma plataforma para uma rádio pan-europeia na Net, incorporando a ferramenta de Web 2.0. Além do Metas há o Catapulta, do centro histórico do Porto, o Trampolim, de Coimbra. Está tudo na página: http://pt.radioactive101.eu/

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Há três projectos Escolhas, um programa governamental para a inclusão dos jovens, a fazer as esporádicas emissões na RadioActive - destinada a criar uma plataforma para uma rádio pan-europeia na Net, incorporando a ferramenta de Web 2.0. Além do Metas há o Catapulta, do centro histórico do Porto, o Trampolim, de Coimbra. Está tudo na página: http://pt.radioactive101.eu/

A ideia veio de fora. O consórcio é liderado pela University of East London, no Reino Unido, e conta com parceiros em Portugal, Alemanha, Malta e Roménia. É, explica Maria José Brites, coordenadora da RadioActive em Portugal, uma tentativa de pôr jovens de contextos socio-económicos desfavorecidos a abordar assuntos de inclusão e cidadania ao mesmo tempo que melhoram a expressão oral, aprendem técnicas radiofónicas, usam as redes sociais para divulgar trabalhos.

Respira-se cultura hip hop no seio do grupo que está a preparar o novo programa – o oitavo que Portugal põe no ar. Há qualquer coisa de comum entre aquela freguesia que a industrialização encheu de operários e a desindustrialização privou de emprego e os subúrbios negros e latinos de Nova Iorque dos anos 1970. Sobra pobreza, falta perspectiva. Patrícia Costa, a coordenadora do Metas, da Agência de Desenvolvimento Integrado de Lordelo do Ouro, diz que falta até imaginação. “Não estão habituados a pensar.” Por isso tudo isto lhe parece tão importante.

É suposto a rádio incitar a reflectir, mas também a vencer a impaciência, a estabelecer metas de médio ou longo prazo. O dinamizador comunitário Jonas Oliveira, o monitor Renato Florim e o presidente da associação juvenil Ágil é que puxam pelos miúdos. Trabalham com eles dois meses em cada emissão. E notam como, no fim, eles gostam de se ouvir, de reconhecer as suas vozes.

Já dedicaram um programa às artes, outro à comunidade. Este é sobre educação. Anunciam o tema aos miúdos e tentam perceber o que eles gostariam de perguntar, de descobrir. Desta vez, quiseram saber o que são os jovens e o que gostariam de mudar na escola – frequentam, quase todos, a EB 2/3 Leonardo Coimbra - Filho.

Saberão, ao ouvir o programa que vai hoje para o ar, que há quem gostasse de ver os horários modificados, de modo a ter mais tempo livre, quem queira cacifos, para evitar que os alunos tenham de andar para trás e para a frente com livros e cadernos, quem defenda um novo método de ensino, de modo a tornar a aprendizagem mais divertida, quem deseje trocar de professores e técnicos operacionais, e até quem queira mudar tudo, tudo.

Hoje, o nervosismo regressa pela terceira vez à cabine para controlo técnico da emissão de rádio, com as paredes forradas com embalagens de ovos, pintadas a negro. Um rapaz entrevistará outro em directo – a estrela é Rodrigo Florim, o menino de 13 anos que tem cinco em todas as disciplinas.