Falha redirecciona milhões de chineses para site anticensura

Empresa americana diz ter recebido centenas de milhares de utilizadores por segundo. Pequim queixa-se de ataque informático.

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A China tem um sistema sofisiticado de cibercensura REUTERS/Stringer

Em vez de abrirem a página que pretendiam, os utilizadores acabavam por ser automaticamente direccionados para o site de uma empresa americana chamada Dynamic Internet Technology, criada por um membro do movimento espiritual Falun Gong, que é proibido na China. A empresa, cujo site está normalmente bloqueado pelas autoridades chinesas, disponibiliza uma ferramenta gratuita chamada Freegate, dirigida sobretudo aos utilizadores que queiram contornar as muitas limitações da Internet naquele país.

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Em vez de abrirem a página que pretendiam, os utilizadores acabavam por ser automaticamente direccionados para o site de uma empresa americana chamada Dynamic Internet Technology, criada por um membro do movimento espiritual Falun Gong, que é proibido na China. A empresa, cujo site está normalmente bloqueado pelas autoridades chinesas, disponibiliza uma ferramenta gratuita chamada Freegate, dirigida sobretudo aos utilizadores que queiram contornar as muitas limitações da Internet naquele país.

Entre os sites afectados estiveram alguns dos mais visitados, incluindo o Weibo (a rede social mais popular na China, onde o Twitter e o Facebook são proibidos), o motor de pesquisa Baidu e o site de notícias Sina.com. Alguns relatos dão conta de que todos os sites que não terminavam com o domínio chinês (.cn) foram afectados.

De acordo com uma empresa de segurança informática local, chamada Qihoo 360 Technology, o redireccionamento afectou cerca de dois terços do tráfego do país, que tem o maior número de pessoas ligadas à Internet do mundo. “Foram centenas de milhares de utilizadores por segundo. Estavam a enviar a China [inteira] para nós, por isso foram centenas de milhões de utilizadores”, afirmou ao Wall Street Journal o dono da Dynamic Internet Techonology, Bill Xia, um chinês radicado nos EUA.

A agência noticiosa estatal chinesa, a Xinhua, publicou a opinião de especialistas a argumentar que a falha foi provocada por um ataque informático, uma versão também defendida pelo Governo. “Não sei quem fez isto ou de onde veio, mas quero salientar que isto nos lembra mais uma vez que manter a segurança na Internet requer uma cooperação internacional reforçada. Mais uma vez, isto mostra que a China é vítima de ataques informáticos”, afirmou, em conferência de imprensa, um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros. As autoridades chinesas têm um sistema, muitas vezes chamado Grande Cibermuralha da China, que permite bloquear sites e identificar e filtrar conteúdo.

Porém, de acordo com a agência Reuters, que cita fontes anónimas com conhecimento das práticas de cibercensura governamentais, a falha terá sido provocada por um erro de alguém dentro do próprio sistema.

O problema aconteceu nos chamados servidores de nome de domínio, uma parte da estrutura da Internet responsável por fazer corresponder um nome de domínio – como Google.com ou Publico.pt – ao respectivo endereço de IP, um conjunto de números que identificam o servidor onde os conteúdos daqueles sites estão alojados.