Grécia rejeita novos aumentos de impostos ou cortes de pensões

Primeiro-ministro grego diz que “há certos limites no que se pode negociar”.

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Samaras apresentou ao Parlamento Europeu o programa da presidência rotativa da UE FREDERICK FLORIN/AFP

“Há certos limites no que se pode negociar” com a troika, afirmou Samaras, depois de ter apresentado ao Parlamento Europeu (PE) o programa da presidência rotativa da União Europeia (UE), que é assumido este semestre pelo seu país.

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“Há certos limites no que se pode negociar” com a troika, afirmou Samaras, depois de ter apresentado ao Parlamento Europeu (PE) o programa da presidência rotativa da União Europeia (UE), que é assumido este semestre pelo seu país.

“Já não podemos negociar questões que tenham a ver com mais impostos ou com menos pensões” face ao que já foi feito desde 2010, “porque esse é o nível mínimo aceitável que permite assegurar a coesão social. Não é aceitável para mim”, afirmou Samaras durante uma conferência de imprensa com o presidente do PE, Martin Schulz.

Em apoio da sua posição, o chefe do Governo grego citou o facto de o país ter alcançado em 2013, um ano antes do previsto, um excedente orçamental primário (sem contar com o serviço da dívida pública), o que significa que as despesas do Estado foram inferiores às receitas fiscais e que os empréstimos da zona euro e do FMI se destinam apenas a pagar os juros da dívida.

Segundo Samaras, o Governo acordou com a troika que 70% do valor do excedente primário – que, segundo as primeiras estimativas provisórias, poderá situar-se entre 800 e 1000 milhões de euros – “será devolvido às pessoas”. “Vamos dá-lo aos mais necessitados, reformados, pessoas que realmente têm problemas. Estamos a tentar assegurar a coesão social (…), porque é preciso provar às pessoas que, quando houver progressos, ficarão numa situação melhor do que agora. É o que estamos a tentar fazer, e isso não é algo que a troika possa mudar”, vincou.

Durante a sua intervenção perante os eurodeputados, Samaras referiu-se ao extremo sofrimento dos gregos, que tiveram de fazer “sacrifícios incrivelmente grandes” para voltar a pôr o país “de pé”, e que, em seis anos de recessão económica, perderam 38% do seu rendimento face a 2007, enquanto o PIB encolheu 25%.

“O meu país sofreu nos últimos anos mais do que qualquer outro país da UE alguma vez sofreu”, afirmou Samaras, atribuindo esta situação aos erros cometidos “durante décadas” pelos próprios gregos, à “estrutura” da união económica e monetária europeia, mas igualmente aos erros cometidos ao “desenho do primeiro programa de ajuda” de Maio de 2010, quando o seu partido conservador estava na oposição.