Dragagens para ligar a Lagoa de Óbidos ao mar foram suspensas devido à maré

Técnicos da Agência Portuguesa de Ambiente admitem que a ligação ao mar possa ser reposta durante a manhã desta sexta-feira.

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A Lagoa de Óbidos foi dragada pela última vez entre Dezembro de 2011 e Maio de 2012 DR

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"O pico da maré alta varreu grande parte da areia que tinha estado a ser escavada de manhã e optámos por parar as máquinas e esperar a descida da maré para analisarmos a situação", disse à Lusa Gabriela Moniz, directora do Departamento de Litoral e Protecção Costeira da APA.

De acordo com a mesma responsável, o aparente revés "pode até ser positivo porque a água entrou dentro da lagoa, que está com um caudal muito forte e, quando começar a vazar, poderá ela própria rasgar um canal" de ligação ao mar.

A entrada de água na lagoa provocou, no entanto, a subida do caudal e "o alagamento de algumas zonas próximas do cais" da praia da Foz do Arelho, afirmou o comandante dos bombeiros das Caldas da Rainha, José António Silva.

A intervenção programada prevê a retirada de 4000 metros cúbicos de areia da para possibilitar a entrada de água do mar na lagoa, através do canal que a corrente marítima e deposição de areias encerraram nas duas últimas semanas.

O local foi visitado na segunda-feira pelo secretário de Estado do Ambiente, Paulo Lemos, que determinou a adjudicação de uma intervenção de emergência. A dragagem deveria ter-se iniciado às 8h desta quinta-feira, mas, de acordo com a APA, "atrasou-se cerca de duas horas devido a um percalço, já que durante a noite uma das máquinas do empreiteiro foi assaltada", tendo ficado sem gasóleo e com alguns fios cortados. Apesar do atraso, duas escavadoras rotativas e um dumper iniciaram a escavação que acabou por ser interrompida por volta das 15h.

Os autarcas das duas freguesias ribeirinhas da lagoa (Caldas da Rainha e Óbidos) e os técnicos da APA tinham chegado a encarar "uma hipótese muito remota de reposição da aberta" ainda nesta quinta-feira, mas a maré impediu que isso acontecesse. Ao fim do dia esperava-se que tal fosse possível durante a baixa-mar de sexta-feira, prevista para as 10h.

Para além da reposição da aberta, está agendada para a segunda quinzena de Janeiro uma reunião de trabalho com técnicos do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e os autarcas com o objectivo de estudar soluções alternativas à construção de um dique para impedir futuros fechos da aberta.

A construção do dique foi planeada no âmbito de uma intervenção de fundo prevista para 2014 e 2015, mas essa solução não é consensual. A discordância manifestada pelo presidente da junta da Foz do Arelho, Fernando Sousa, ao secretário de Estado poderá ditar a alteração da obra, que representa um investimento estimado de cinco milhões de euros. 

A lagoa foi dragada pela última vez entre Dezembro de 2011 e Maio de 2012, tendo a obra custado 1,8 milhões de euros.  

Notícia substituída por versão actualizada