Dieta mediterrânica, uma oportunidade para Portugal

As culturas mediterrânicas celebram a vida como acto de partilha e festa.

A decisão, que agora abrangeu Portugal e a sua comunidade representativa Tavira, mas também a Croácia/Hvar e Brac, Chipre/Agros, Espanha/Soria, Grécia/Koroni, Itália/Cilento e Marrocos/Chefchaouen, foi tomada em Baku, capital do Azerbaijão, na 8 ª Sessão do Comité Intergovernamental para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, a mais participada de sempre (contou com 116 Estados presentes) e que coincidiu com o 10 º aniversário da Convenção da UNESCO.

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A decisão, que agora abrangeu Portugal e a sua comunidade representativa Tavira, mas também a Croácia/Hvar e Brac, Chipre/Agros, Espanha/Soria, Grécia/Koroni, Itália/Cilento e Marrocos/Chefchaouen, foi tomada em Baku, capital do Azerbaijão, na 8 ª Sessão do Comité Intergovernamental para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, a mais participada de sempre (contou com 116 Estados presentes) e que coincidiu com o 10 º aniversário da Convenção da UNESCO.

Esta Candidatura envolveu trabalho técnico para os 7 Estados/comunidades realizado durante dois anos e meio pela autarquia de Tavira, contou com o acompanhamento de uma Comissão Nacional constituída por Ministérios, instituições públicas e privadas.

Portugal é um País mediterrânico pelo clima, produções e pela sua cultura. “Dieta” tem origem no termo grego “daíata”, significa estilo de vida, um modelo cultural milenar, transmitido de geração em geração, que integra formas particulares de relacionamento colectivo, consumo de recursos alimentares locais de acordo com as épocas do ano, processos e técnicas de extracção e produção, festividades, rituais simbólicos e expressões artísticas associadas.

O pão e os cereais, o azeite e o vinho marcam as paisagens culturais mediterrânicas e integram os rituais das três religiões monoteístas nascidas nesta região. As cidades de cultura mediterrânica manifestam uma vida social intensa nas praças e zonas portuárias, mercados e bairros.   

A “dieta mediterrânica” não é apenas um regime alimentar, é uma forma de ver, pensar e agir que influenciou o planeta. São culturas de partilha, de entreajuda e proximidade que caracterizam o modo de viver.

Como sistema nutricional, considerado de excelência pela OMS, foi descoberto pelo fisiólogo norte-americano Ancel Keys (1903 – 2003), que verificou no “Estudo dos 7 Países” a existência de menor incidência de doenças cardiovasculares e coronárias na região mediterrânica em relação a outras regiões do mundo. A investigação subsequente conduziu a importantes conclusões, nomeadamente a correlação entre este modelo cultural e as características da alimentação com bons níveis qualitativos de saúde física e mental comunitária.

O consumo de produtos frescos, o uso do azeite como gordura alimentar, a utilização de ervas aromáticas e frutos secos, o vinho consumido com moderação, a esporádica utilização da carne são alguns dos factores explicativos dos bons níveis de saúde. Mas destes não podem ser secundarizadas formas de convívio colectivo, escasso “stress”, sociabilidades e convivialidades.

Nesta reunião da UNESCO foi destacada por diversos Estados a relação entre a proteção do Património Cultural Imaterial e a sustentabilidade dos territórios, nomeadamente a necessidade da urgente proteção da diversidade cultural do mundo.

Com esta inscrição Portugal assume particulares responsabilidades na defesa das culturas locais, a obrigação de realizar inventários e de participar no Plano de Salvaguarda com os outros Estados e comunidades representativas.

A inscrição cria boas oportunidades para um maior dinamismo na protecção e divulgação dos produtos tradicionais, espécies autóctones e paisagens culturais, para a promoção de estilos de vida saudável e turismo cultural.

As culturas mediterrânicas celebram a vida como acto de partilha e festa. 

Engenheiro Agrónomo, INIAV, Coordenador da Comissão Nacional da DM      

Sociólogo, CMTavira, Técnico responsável da Candidatura UNESCO