Portugal mantém 33.º lugar do índice da Transparência Internacional

Associação cívica Transparência e Integridade diz que Administração Pública e política transformaram-se numa "central de negócios que favorecem os jogos de corrupção".

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Nuno Alexandre Mendes

No ranking divulgado nesta terça-feira, Portugal apresenta uma classificação de 62 pontos (63 no ano passado), numa escala de zero a cem, que vai de muito corrupto (zero) a livre de corrupção (cem) e em que mais de dois terços dos 177 países analisados obtiveram resultado negativo.

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No ranking divulgado nesta terça-feira, Portugal apresenta uma classificação de 62 pontos (63 no ano passado), numa escala de zero a cem, que vai de muito corrupto (zero) a livre de corrupção (cem) e em que mais de dois terços dos 177 países analisados obtiveram resultado negativo.

Em comparação com os parceiros da UE, Portugal surge em 14.º lugar, acima da Polónia, Espanha, Itália, Grécia e da maioria dos países de leste. O ranking europeu é encabeçado pela Dinamarca (91 pontos em 100), Finlândia e Suécia (89 pontos), enquanto o último lugar cabe à Grécia (40 pontos).

No ranking geral, a Dinamarca e a Nova Zelândia ocupam o 1.º lugar, com 91 pontos, enquanto a Somália, o Afeganistão e a Coreia do Norte são os piores da lista com apenas oito pontos.

Em declarações à agência Lusa, o vice-presidente da associação Transparência e Integridade, Paulo Morais, considera "dramática" a pontuação de Portugal, relativamente à corrupção, apontando a gravidade do fenómeno na política e Administração Pública. Mas se a actual posição no ranking é "grave", Paulo Morais entende que mais grave é o facto de o posicionamento do país na tabela da corrupção ter vindo a sofrer uma "depreciação permanente", pois no ano 2000 estava em 23.º lugar e, há dez anos, ocupava a 25.ª posição. "Na última década o país no Mundo que mais se depreciou em termos de transparência foi justamente Portugal", enfatizou o responsável, que considera que o país, a Administração Pública e a política "transformaram-se numa central de negócios que favorecem os jogos de corrupção".

O vice-presidente da associação cívica Transparência e Integridade criticou ainda a incapacidade portuguesa de recuperar para o Estado os activos financeiros capturados aos arguidos em casos de corrupção. Morais lembrou casos de corrupção na Expo-98, Euro-2004, o caso dos submarinos e os casos do Banco Português de Negócios (BPN) e do Banco Privado Português (BPP), para dizer que a corrupção tem sido “crescente” e “latente” e notou que, em relação “aos poderosos”, o Estado coloca-se frequentemente numa "posição de respeitinho", senão mesmo de "cócoras".

Angola foi o único país de língua oficial portuguesa que melhorou a pontuação no Índice de Corrupção Percepcionada (ICP), apesar de continuar a ter um dos piores resultados entre os países lusófonos. Angola passou de 22 para 23 pontos, situando-se no 153.º lugar. Guiné Bissau, com 19 pontos, está no 163.º lugar; Moçambique e Timor Leste apresentaram-se ambos com 30 pontos, na 119.º posição. São Tomé e Príncipe e o Brasil, os dois com 42 pontos, estão no 72.º lugar, e Cabo Verde, com 58 pontos, está na posição 41.ª.

Este índice de Percepção da Corrupção é composto por índices de corrupção de entidades internacionais consideradas credíveis, como o Banco Mundial, a Economist Intelligence Unit, o Banco Africano para o Desenvolvimento ou a Fundação Bertelsmann. Mesmo os países mais “limpos” enfrentam desafios como "a captura do Estado, o financiamento de campanhas e a supervisão de contratos públicos", que continuam a ter "grandes riscos de corrupção", revela a nota de imprensa da Transparência Internacional.