Câmara do Porto mostra cidade acessível, inacessível e assim-assim

Município construiu, nos últimos três anos, um mapa da acessibilidade, numa área em torno de troços da rede de metro.

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No portal, o mapa indica se o percurso tem obstáculos, como por exemplo passeios sem rampas Paulo Pimenta

O Portal do Sistema de Itinerários Acessíveis (SIA) vai ser apresentado durante um seminário sobre Espaço Público para Todos, que vai decorrer no Teatro do Campo Alegre e que se realiza no âmbito do Dia Internacional das Pessoas com Deficiência. Construído ao longo dos três últimos anos e apoiado por fundos europeus, o SIA está disponível em http://sia.cm-porto.pt e permite realizar duas tarefas simples – consultar um mapa da cidade e simular trajectos, dentro da zona mapeada, mostrando quais as dificuldades que irá encontrar pelo caminho, em termos de acessibilidade.

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O Portal do Sistema de Itinerários Acessíveis (SIA) vai ser apresentado durante um seminário sobre Espaço Público para Todos, que vai decorrer no Teatro do Campo Alegre e que se realiza no âmbito do Dia Internacional das Pessoas com Deficiência. Construído ao longo dos três últimos anos e apoiado por fundos europeus, o SIA está disponível em http://sia.cm-porto.pt e permite realizar duas tarefas simples – consultar um mapa da cidade e simular trajectos, dentro da zona mapeada, mostrando quais as dificuldades que irá encontrar pelo caminho, em termos de acessibilidade.

É uma ferramenta que, por enquanto, não cobre toda a cidade. João Pestana, da divisão municipal de planeamento e ordenamento do território, que coordenou todo o projecto, explica que, nesta primeira fase, o metro foi a espinha dorsal da informação recolhida: “Identificamos as estações entre a Casa da Música e Campanhã e entre S. Bento e o Hospital de S. João e, a partir destes locais, seleccionamos uma área com 500 metros de raio, onde localizamos todos os edifícios públicos que lá existiam. A partir daqui procuramos os caminhos óbvios entre dois pontos e identificamos os obstáculos existentes.”

Exemplo simples: entrando na página do SIA, que estará também disponível através do site da autarquia, vai encontrar a opção “calcular itinerário”. Seleccione, por exemplo, o trajecto da estação de metro de S. Bento até ao Gabinete do Munícipe (por enquanto não lhe será possível inserir moradas, tendo que cingir-se às que já estão pré-definidas no site) e ser-lhe-á apresentado o trajecto que mais lhe convém, além das dificuldades que poderá encontrar, além de informação sobre o acesso do próprio edifício onde pretende deslocar-se.

A acessibilidade está organizada segundo um sistema de cores – o trajecto aparecerá a verde se for plenamente acessível, a vermelho se não o for e a laranja, se tiver alguns obstáculos -, mas Lia Ferreira afirma que o site está também “disponível para ser consultado por cegos e daltónicos”. Os resultados do levantamento, além de estarem agora disponíveis ao público numa aplicação prática, servirão também de instrumento de trabalho aos serviços camarários. “Chegamos à conclusão que uma grande área do espaço analisado já está requalificada. Há grandes troços assinalados a verde e alguns troços vermelhos que, com alguma intervenção, podem passar a verde. Esperamos que, no futuro, a informação sirva para que a câmara possa, por exemplo, ao discutir o orçamento, estimar uma verba para as áreas identificadas a vermelho e que são prioritárias”, explica a provedora.

Em termos viários, as maiores dificuldades identificadas na cidade têm a ver com a ausência de passeios rebaixados (embora 47% deles já tenham sido corrigidos), a falta de rampas e – o maior dos problemas – o perfil das próprias ruas. “A nossa grande dificuldade é o dimensionamento das ruas. Há ruas tão apertadinhas que é difícil incluir um passeio com as dimensões que devem ter para passar uma cadeira de rodas e ainda deixar a área necessária à circulação automóvel”, diz Lia Ferreira.

No futuro, Lia Ferreira e João Pestanas têm a expectativa de poder alargar a área incluída no SIA e, também, de conseguir novo apoio comunitário que permita corrigir os problemas já encontrados nas ruas e edifícios públicos da cidade. A possibilidade de poder disponibilizar, também, informação sobre os edifícios privados – lojas ou hotéis, por exemplo – é outra das aspirações da provedora, mas ainda sem data para se concretizar.