Problemas com Angola são "pequenas coisas" que se resolvem com "tempo e vontade", diz Machete

Ministro dos Negócios Estrangeiros recusa dizer se Governo já falou com Presidente angolano.

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Rui Machete Miguel Manso

"As relações nunca deixaram de ser, habitualmente, no quotidiano, normais. Há umas pequenas coisas que o tempo ajudará a resolver e a vontade dos homens", afirmou o ministro Rui Machete, quando questionado pelos jornalistas sobre a tensão diplomática desencadeada há duas semanas com o anúncio pelo Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, da suspensão da construção da parceria estratégica com Portugal.

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"As relações nunca deixaram de ser, habitualmente, no quotidiano, normais. Há umas pequenas coisas que o tempo ajudará a resolver e a vontade dos homens", afirmou o ministro Rui Machete, quando questionado pelos jornalistas sobre a tensão diplomática desencadeada há duas semanas com o anúncio pelo Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, da suspensão da construção da parceria estratégica com Portugal.

Questionado sobre se o Governo português já conseguiu falar com o executivo angolano, o ministro dos Negócios Estrangeiros escusou-se a responder.

"Não vou prestar declarações sobre isso", disse.

Machete, que falava aos jornalistas após a sessão de abertura da II Conferência sobre o Futuro da Língua Portuguesa no Sistema Mundial, em Lisboa, foi questionado sobre a ausência do embaixador de Angola em Portugal nesta iniciativa.

Segundo a organização, apenas esteve presente o embaixador de Angola junto da CPLP.

"Não sei, não sei", referiu apenas o ministro.

José Eduardo dos Santos anunciou a 15 de Outubro a suspensão da parceria estratégica entre Luanda e Lisboa.

Alguns dias antes, em entrevista à Rádio Nacional de Angola, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Rui Machete, tinha pedido desculpa a Luanda pelas investigações do Ministério Público português, declarações que provocaram polémica em Lisboa.

Questionado sobre se se arrepende destas declarações, o ministro reiterou hoje que não.

Na semana passada, o chefe da diplomacia angolana, Georges Chikoti, disse, em entrevista à Televisão Pública de Angola, que Luanda deixou de considerar prioritária a cooperação com Portugal, elegendo África do Sul, China e Brasil como alternativas.

Sobre a realização da primeira cimeira bilateral, inicialmente prevista para o final deste ano e adiada para Fevereiro de 2014, o ministro angolano disse não ter "muita certeza" sobre a efectiva realização.

Em resposta, o ministro da Presidência, Luís Marques Guedes, declarou que o Governo português dá prioridade à resolução de "todas as perturbações que possam existir" na relação entre Portugal e Angola, que pretende manter e aprofundar.

Hoje, Rui Machete foi também questionado sobre se o Governo já realizou diligências para perceber se o país foi alvo das escutas dos serviços norte-americanos, mas o ministro recordou que, na sexta-feira passada, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, já se pronunciou, afirmando não ter "mais nada a acrescentar".

"Portugal decidiu integrar igualmente a iniciativa que foi apresentada" por Paris e Berlim, no sentido de "procurar, de forma bilateral, esclarecer estas questões que envolvem protecção de dados e questões de segurança e partilha" de informações de segurança, anunciou o primeiro-ministro, no final do Conselho Europeu, em Bruxelas.

O ministro dos Negócios Estrangeiros não esclareceu, hoje, se pretende chamar o embaixador norte-americano em Portugal para prestar esclarecimentos, como já fizeram outros países europeus, nomeadamente Alemanha e Espanha.