Governo grego diz não ter margem para mais cortes

Orçamento da Grécia para 2014 já prevê consolidação orçamental no valor de 4000 milhões de euros. Pedir mais do que isso é pedir o impossível, diz-se entre as bancadas dos conservadores.

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Em Atenas, os protestos voltaram à rua, desta vez com uma acção simbólica contra a situação económica dos gregos. À porta do Ministério das Finanças foram deixadas dezenas de alimentos. Para 6 de Novembro está agendada uma nova greve geral.

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Em Atenas, os protestos voltaram à rua, desta vez com uma acção simbólica contra a situação económica dos gregos. À porta do Ministério das Finanças foram deixadas dezenas de alimentos. Para 6 de Novembro está agendada uma nova greve geral.

A garantia de que “não haverá novas medidas” para além do que foi acordado com a troika foi dada nesta quinta-feira pelo ministro para a Reforma Administrativa, Kiriakos Mitsotakis, numa posição secundada por vários deputados que suportam a coligação governamental dos socialistas (Pasok) e conservadores (Nova Democracia).

Segundo o jornal Kathimerini, a relutância do Governo em aceitar cortes adicionais fora já demonstrada pelo próprio primeiro-ministro conservador, Antonis Samaras, ao presidente do grupo de trabalho que prepara as reuniões do Eurogrupo, Thomas Wieser, que foi recebido em Atenas na quarta-feira para uma reunião de trabalho com o chefe de Governo.

Uma vez que o projecto de orçamento prevê já poupanças na ordem dos 4000 milhões de euros, a posição da coligação governamental é a de que não tem condições para adoptar mais medidas, sob pena de o país cair numa crise política que, avisou o ministro da Saúde, Adonis Yeoryiadis, pode desembocar em eleições antecipadas. Isto numa altura em que a hipótese de a Grécia negociar um novo resgate financeiro, quando está identificado um défice de financiamento próximo de 11 mil milhões de euros em 2014 e 2015, já foi admitida pelo executivo.

E os deputados da coligação já vieram alertar para as consequências de mais cortes. De acordo com a Lusa,  a deputada conservadora e ex-ministra dos Negócios Estrangeiros Dora Bakoyianni (irmã do ministro para a Reforma Administrativa) dramatizou hoje o pedido da troika. “Se querem evitar que a Grécia se afunde, os credores têm que perceber que chegámos ao nosso limite”, disse, citada pela mesma agência.

Quando o Governo grego se refere a nova austeridade e considera não haver espaço para mais cortes, di-lo em relação ao anúncio de mais medidas para além das que já são conhecidas, o que não quer dizer que, de 2013 para 2014, não sejam aplicadas medidas de consolidação.

Nova greve geral
Num país a viver o sexto ano de recessão e onde há 1,4 milhões de desempregados oficiais (27,9% da população activa), a indignação voltou a fazer-se sentir nas ruas da capital nesta quinta-feira, num protesto de trabalhadores municipais à porta do ministério das Finanças e outro, de estudantes universitários, na praça Syntagma, lugar habitual de manifestações em frente ao Parlamento.

Mas se a contestação às políticas de austeridade tem marcado o ritmo da capital desde que a Grécia está a aplicar o programa económico e financeiro que acompanha o resgate internacional, o tom do protesto de hoje foi muito mais do que isso.

Uma declaração recente do ministro das Finanças, Yannis Stournaras, sobre as dificuldades económicas da mãe e outros familiares motivou a cólera e desembocou num protesto à porta do ministério. Em tom de desafio, ali foram deixados centenas de alimentos e produtos de higiene, numa oferta simbólica ao governante aos seus.

Em caixas e cestos as fotografias do protesto mostravam conservas, frangos, batatas, cervejas, chouriços, pacotes de massa, leite, garrafas de vinho e tantos outros produtos. Pelo meio, cartazes com o rosto do ministro e uma mensagem que, segundo a AFP, ironizava: “Para a mamã e a querida madrasta de Yannis Stournaras”.

Contra a estratégia do Governo grego e da troika, os sindicatos da função pública e dos trabalhadores do sector privado vão avançar, juntos, para uma nova greve geral a 6 de Novembro (a segunda em menos de quatro meses). Uma das razões do protesto, no caso dos funcionários públicos, tem a ver com o plano de mobilidade que deverá abranger 25 mil trabalhadores do Estado.