Cancro de mama mata menos nos países que gastam mais em saúde

Portugal tem a despesa mais baixa dos países da Europa ocidental

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Fernando Veludo/Arquivo

Os países que gastam em saúde menos de 2000 dólares anuais por pessoa (1500 euros), como a Roménia, a Polónia e a Hungria, cerca de 60% dos doentes morre após o diagnóstico de cancro, enquanto nos que despendem entre 2500 e 3000 dólares (1800 a 2200 euros), como Portugal, Espanha e Reino Unido a mortalidade ronda os 40 a 50 por cento. Entre os países da Europa ocidental, Portugal tem o gasto per capita mais baixo: 2690 dólares, cerca de 1990 euros.

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Os países que gastam em saúde menos de 2000 dólares anuais por pessoa (1500 euros), como a Roménia, a Polónia e a Hungria, cerca de 60% dos doentes morre após o diagnóstico de cancro, enquanto nos que despendem entre 2500 e 3000 dólares (1800 a 2200 euros), como Portugal, Espanha e Reino Unido a mortalidade ronda os 40 a 50 por cento. Entre os países da Europa ocidental, Portugal tem o gasto per capita mais baixo: 2690 dólares, cerca de 1990 euros.

Em França, na Bélgica e na Alemanha, com um gasto acima dos 4000 dólares (perto dos 3000 euros), a mortalidade está abaixo dos 40%. Segundo os autores do estudo, citados pela agência noticiosa EFE, a riqueza e o investimento na área da saúde estão associados tanto à incidência de cancro como também à mortalidade causada por esta doença. O trabalho foi também publicado neste sábado na revista científica especializada “Annals of Oncology”.

Um dos autores, o oncologista brasileiro Felipe Ades, sublinha que quanto mais dinheiro se destina à saúde menor é o número de mortes após o diagnóstico de um cancro e que esta relação é “mais evidente” no caso do cancro da mama.

Os investigadores observam ainda que, apesar de todas as iniciativas para harmonizar as políticas de saúde, existe uma “diferença significativa” entre a despesa pública e a incidência de cancro nos 27 Estados da União Europeia. Essas discrepâncias são ainda mais claras entre os países europeus de leste e os ocidentais.

O estudo sugere que a existência de um maior número de programas de triagem neste último grupo permite detectar mais casos de cancro nas fases precoces.