Do TGV às florestas, Hollande aponta o caminho da “nova França industrial”

Plano para a actividade industrial quer criar 475 mil postos de trabalho em dez anos. Não é um regresso aos anos 1960, é uma estratégia de avanço tecnológico, diz o Presidente francês.

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Hollande, no Eliseu, com um robô humanóide, um exemplo da estratégia industrial que apresentou Charles Platiau/AFP

Em três décadas, França perdeu dois milhões de empregos industriais. Nos próximos dez anos, o objectivo é criar 475 mil postos de trabalho em áreas estratégias, definidas numa Nova França industrial, o programa de acção que o Presidente François Hollande apresentou nesta quinta-feira, no Palácio do Eliseu, em Paris.

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Em três décadas, França perdeu dois milhões de empregos industriais. Nos próximos dez anos, o objectivo é criar 475 mil postos de trabalho em áreas estratégias, definidas numa Nova França industrial, o programa de acção que o Presidente François Hollande apresentou nesta quinta-feira, no Palácio do Eliseu, em Paris.

Os domínios-chave estão identificados e vão de áreas tão distintas quanto potencialmente complementares: do fabrico de comboios de alta velocidade (TGV) à produção de carros eléctricos, veículos automáticos, “navios ecológicos”, satélites, “fábricas do futuro”, equipamento para a renovação térmica de edifícios, passando pela exploração da floresta e pela aposta na indústria da madeira para edifícios.

O plano de acção parte de estudos da direcção-geral de competitividade e da consultora norte-americana McKinsey, com orientações gerais sobre cada área. São situados mercados externos com potencial de crescimento, identificados sectores onde França já está bem colocada e definidas áreas onde o Governo considera que há possibilidade de o país “ocupar um papel relevante” se aí fizer investimento académico e tecnológico.

No caso da indústria da madeira, por exemplo, é feito o diagnóstico e proposta uma orientação para as empresas que já estão no sector: “Exportamos a madeira que sai das nossas florestas e importamos produtos finos de alto valor acrescentado. Resultado: um défice de 6000 milhões de euros por ano na balança comercial. As empresas do sector, maioritariamente PME e empresas muito pequenas familiares devem organizar-se, investir e inovar”.

Quanto ao TGV, as orientações são mais concretas e têm em conta projectos que já estão em marcha. Para não perder terreno face à “concorrência de novos actores” e ganhar compradores de equipamentos ferroviários para o Brasil e países da Ásia e do Médio Oriente, é sugerido que França aposte no “TGV do futuro” com a empresa Alstom, “reconhecida líder mundial da grande velocidade”.

Não é um regresso ao passado, esclareceu o Presidente francês, na apresentação do plano no Eliseu. Longe da estratégia dos anos 1960, “onde o Estado era o prescritor, o produtor e o cliente”, disse, o Estado intervirá, sim, mas através de legislação, incentivos fiscais ou financiamento público. “França tem de relançar a sua produção, propor novos objectos, utilizando os últimos avanços tecnológicos, os últimos equipamentos, as últimas máquinas, as últimas propostas de criação industrial”, disse François Hollande, citado pela AFP.