Adeus, pais

Muitos começam agora uma nova fase das suas vidas. Outros tantos acreditam ser a melhor. Segunda-feira, dia 9 de Setembro, conhecem-se as colocações da primeira fase de acesso ao Ensino Superior

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Free Form by Prudence/Flickr

Olhamos para Setembro como o primeiro Janeiro do ano. Reorganizamos o guarda-roupa e, nos entretantos, os planos para o futuro. Comemos uvas acabadas de cortar em vez das passas, mas passamos pelo mesmo ritual e pedimos desejos. Pelo sim, pelo não. Em vez das badaladas, o despertador. Essa fénix que morre em Agosto mas que logo renasce em Setembro.

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Olhamos para Setembro como o primeiro Janeiro do ano. Reorganizamos o guarda-roupa e, nos entretantos, os planos para o futuro. Comemos uvas acabadas de cortar em vez das passas, mas passamos pelo mesmo ritual e pedimos desejos. Pelo sim, pelo não. Em vez das badaladas, o despertador. Essa fénix que morre em Agosto mas que logo renasce em Setembro.

Este primeiro Janeiro é de regresso. Regresso dos emigrantes aos países que os adoptaram, quando o seu se limitou a pari-los. Regresso dos teimosos, que por cá ficaram, ao trabalho. Regresso dos filhos à escola.

Mas pode também ser de começo, como o segundo.

Muitos começam agora uma nova fase das suas vidas. Outros tantos acreditam ser a melhor.

Adeus pai, vou viver segundo as minhas regras. Adeus mãe, vou aprender a fazer massa com atum.

Segunda-feira, dia 9 de Setembro, conhecem-se as colocações da primeira fase de acesso ao Ensino Superior.

40.546 candidatos esperam para saber se passam de candidatos a colocados e, se colocados, esperam para conhecer qual das seis opções lhe saiu na rifa. De malas aviadas (ainda pela mãe), para mais ou menos longe de casa, partirão para uma nova aventura.

A primeira semana é o bicho papão da infância, transportado para o despontar da idade adulta.

Tudo é novo e é-se o mais azarado que se pode ser. Perdem-se transportes públicos, não se encontram salas, a comida tem um sabor esquisito. Amontoam-se roupa, louça, fotocópias e noites mal dormidas.

Na segunda semana já são feitos para aquilo. A louça e a roupa vão continuar a dar problemas ao longo dos anos.

Há a praxe. Há quem passe por ela. Há quem lhe passe ao lado. Há quem adore. Há quem seja contra. Sobretudo, há que respeitar opiniões. Essa é uma das lições da vida universitária.

Os amigos, alguns ficam para a vida, outros são de uma noite em que surgiu um interesse comum: beber. Não deixam, por isso, de ser importantes. Bebe-se em muitas noites do ano.

Nas outras, estuda-se. Tenta compensar-se, de quando em onde, um semestre numa semana. Às vezes corre bem. Relembramos nessa altura que ainda sabemos o Pai Nosso.

Uma grande parte do tempo é passada a analisar os professores. Quem são, do que gostam e o que querem de nós. Há quem acredite que numa disciplina o mais importante a estudar é o professor.

Em duas fases do ano, o ano pára. Semana do Caloiro. Semana Académica. Nessas alturas a faculdade muda de instalações, só que os professores não sabem. Tudo se passa no recinto. De tudo se passa no recinto.

Todos se passam no recinto. Tudo fica no recinto. São lições que não vêm nos livros e, talvez por isso, fiquem para a vida.

Para os que vão agora ingressar nas universidades deste país, esqueçam quase tudo o que são, vão fazer-se de novo nos próximos três anos.