Morreu Maria José Constâncio, ex-secretária de Estado do Governo de Guterres

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Maria José Constâncio, em 2005 Daniel Rocha

Maria José Constâncio foi administradora no grupo Caixa-Geral de Depósitos (CGD), onde exerceu várias funções, e secretária de Estado no Governo socialista que tomou posse em 1995, pondo fim ao ciclo de governos do PSD que vinha desde 1987. Era casada com Vítor Constâncio, ex-governador do Banco de Portugal, ex-secretário-geral do PS e actual vice-presidente do Banco Central Europeu.

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Maria José Constâncio foi administradora no grupo Caixa-Geral de Depósitos (CGD), onde exerceu várias funções, e secretária de Estado no Governo socialista que tomou posse em 1995, pondo fim ao ciclo de governos do PSD que vinha desde 1987. Era casada com Vítor Constâncio, ex-governador do Banco de Portugal, ex-secretário-geral do PS e actual vice-presidente do Banco Central Europeu.

O Ministério do Equipamento, Planeamento e Administração do Território, ao qual Maria José Constâncio pertenceu, era chefiado por João Cravinho, e englobava mais cinco secretários de Estado (Leonor Coutinho, José Consiglieri Pedroso, Emanuel Maranha das Neves, Guilhermino Rodrigues e José Augusto de Carvalho).

Até essa altura, era directora do gabinete de estudos económicos, cooperação e informação da CGD, onde fazia o acompanhamento de programas de linhas de crédito e onde viria a liderar o euro-gabinete criado nos anos 1990 para fazer a ponte com as empresas apoiadas pela Comissão Europeia.

Antes, como directora-geral da Indústria entre 1984 e 1987, esteve envolvida nas negociações da adesão de Portugal à CEE, altura em que já passara por organismos de planeamento dos ministérios das Finanças e Comércio Externo.

Já como secretária de Estado, elaborou o projecto para a criação das zonas de localização prioritária (ZLP), anunciado na altura como uma oportunidade para o interior e para a criação de empresas. Numa curta nota biográfica de Julho de 1999, o Diário de Notícias apontava a operacionalização do Regime de Incentivos às Microempresas (RIME), sob sua alçada, como “uma mancha negra na imagem” da governante, pela burocracia que impedia as pequenas empresas de acederem a apoios.

Foi, depois, presidente da IPE - Investimentos e Participações Empresariais, cuja liderança assumiu na sequência da demissão de António Castro Guerra, quando o Governo, então liderado por Durão Barroso, anuncia a extinção daquela holding estatal.

Na CGD, foi ainda responsável pela Fundimo, a sociedade de gestão de um fundo de investimento imobiliário.

É autora de Noções básicas de economia (1989) e, com o economista Rui Carvalho e com Adriano Pimpão (ex-reitor da Universidade do Algarve e ex-presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas), publicou cinco anos antes Uma estratégia para a industrialização portuguesa.

Maria José Constâncio assumiria ainda funções como representante portuguesa no Centro Europeu das Empresas com Participação Pública e das Empresas de Interesse Económico Geral (CEEP).

Em 2005, foi apoiante de Mário Soares na campanha presidencial.