O legado de Vítor Gaspar: "Ajustemo-nos"

O PÚBLICO pediu a economistas para avaliar a acção do ex-ministro das Finanças. É o que faz Miguel St Aubyn, professor catedrático do ISEG.

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Gaspar com Passos Coelho, na tomada de posse de Maria Luís Albuquerque como nova ministra das Finanças Nuno Ferreira Santos

É claro que nunca saberemos o que nos teria acontecido se não tivéssemos sido um membro fundador do euro. Olhando agora para trás, associamos uma parte dos nossos males à partilha da moeda e das instituições monetárias com outros países da União Europeia. Afinal, o declínio do nosso crescimento económico data da passagem do milénio, e também o euro nasceu por essa altura. Uma década perdida, dizem e escrevem muitos. E, no entanto, nunca o saberemos. Que se teria passado se tivéssemos mantido o escudo enquanto a partir de Badajoz se transaccionaria em euros? Seguramente se poderão contar várias estórias, das mais cor-de-rosa, um crescimento impulsionado pelo sector exportador, aos piores pesadelos de criação monetária desregrada e inflacionista.

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É claro que nunca saberemos o que nos teria acontecido se não tivéssemos sido um membro fundador do euro. Olhando agora para trás, associamos uma parte dos nossos males à partilha da moeda e das instituições monetárias com outros países da União Europeia. Afinal, o declínio do nosso crescimento económico data da passagem do milénio, e também o euro nasceu por essa altura. Uma década perdida, dizem e escrevem muitos. E, no entanto, nunca o saberemos. Que se teria passado se tivéssemos mantido o escudo enquanto a partir de Badajoz se transaccionaria em euros? Seguramente se poderão contar várias estórias, das mais cor-de-rosa, um crescimento impulsionado pelo sector exportador, aos piores pesadelos de criação monetária desregrada e inflacionista.

Mas escolhemos e estamos no euro. E por isso, disse-nos Vítor Gaspar, ajustemo-nos porque assim tem de ser. E disse-nos ainda que não o percebemos logo. Entremos dentro da sua lógica:

A entrada no euro trouxe-nos um conjunto de facilidades que não soubemos aproveitar devidamente, ou que, pior ainda, desperdiçámos, e assim traçámos o nosso infortúnio. A facilidade do crédito, a descida das taxas de juro, foram aproveitadas pelas famílias, pelas empresas, pelo Estado, para aumentar o seu endividamento, e assim se esperaria. Mas esses recursos adicionais não terão revertido em capacidade produtiva futura, e esse período aparentemente fácil não terá sido, mas deveria ter sido, "a hora do investimento". Redundou apenas em despesa interna, resvalou para o défice nas contas externas e nas contas públicas, e proporcionou a apreciação real com a subida de preços e salários acima da produtividade numa economia que permaneceu rígida e pouco competitiva.

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Esta série sobre Vítor Gaspar é financiada no âmbito do projecto PÚBLICO Mais.