CDS deixa vir à tona sentimento anti-Cavaco

No Conselho Nacional do CDS, várias vozes mostraram desagrado pela forma como o Presidente da República lidou com a crise política.

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Paulo Portas abre trabalhos das jornadas parlamentares conjuntas do PSD e CDS. Miguel Manso

Vários conselheiros nacionais expressaram o seu desagrado pela forma como o Presidente da República lidou com a crise política, segundo relatos feitos ao PÚBLICO.

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Vários conselheiros nacionais expressaram o seu desagrado pela forma como o Presidente da República lidou com a crise política, segundo relatos feitos ao PÚBLICO.

A intervenção de João Almeida, porta-voz do partido, foi entendida como uma crítica a Cavaco Silva por não se ter pronunciado sobre a solução apresentada pelo PSD/CDS. Contactado pelo PÚBLICO, João Almeida rejeita que tenha feito críticas ao Presidente, dizendo apenas que falou sobre cenários do futuro em que Cavaco Silva terá de se pronunciar sobre a solução de Governo proposta pela maioria, há mais de uma semana.

O presidente do Conselho Nacional, António Pires de Lima, veio depois defender a necessidade de bom senso no relacionamento com o Presidente da República.

Depois das explicações que já deu no anterior Conselho Nacional sobre o seu pedido de demissão, Paulo Portas voltou a ser confrontado pelos militantes sobre o que realmente se passou quando decidiu pedir a demissão de ministro dos Negócios Estrangeiros. Portas prometeu uma resposta para mais tarde, dado o actual momento delicado, dizendo que um dia o partido e o país serão informados sobre o que se passou há três semanas.

Mas o Conselho Nacional do CDS de ontem registou um momento inédito.  Foi a primeira vez que os conselheiros nacionais aprovaram por unanimidade uma proposta do Movimento Alternativa e Responsabilidade (MAR), que é crítico da actual direcção de Paulo Portas.

A proposta foi aceite por Paulo Portas, que fez algumas alterações. Pedro Pestana Bastos, primeiro subscritor e membro do MAR, aceitou as alterações para permitir que fosse aprovada. “O espírito de compromisso que queremos para fora começa em casa”, justificou ao PÚBLICO Pedro Pestana Bastos, também membro da comissão política.

A proposta apelou ao “patriotismo de todas as forças políticas, ciente de que qualquer entendimento sério envolve espírito de compromisso de todas as partes”. Os conselheiros comprometeram-se em acompanhar “com esperança, serenidade e empenho as negociações, colocando, sempre, o interesse nacional acima dos seus próprios interesses”. O espírito desta proposta seria repetido nas declarações aos jornalistas de Telmo Correia, vice-presidente da bancada do CDS, no final do Conselho Nacional, sobre as negociações em curso com o PSD e PS.

Na deliberação que desconvoca o congresso e que remarca para data após as autárquicas, aprovada por “larguíssima maioria”, é dado mandato de confiança aos órgãos do partido “para a conduçãodo processo político em curso e eventual tomada de deliberações que se venham a tornar necessárias”.

É ainda ressalvado que os órgãos do partido estão em funções” até ao próximo Congresso. Ou seja, Paulo Portas é líder, pelo menos, até Outubro.