Banco de Desenvolvimento Africano e WWF criam plataforma contra o tráfico de animais

Plano de acção com dez pontos defende mais investimento e mais colaboração contra a actividade ilegal.

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Em 2011 foram apreendidas 40 toneladas de marfim ilegal Tony Karumba/AFP

As duas organizações fizeram um apelo para que governos e outras instituições tomem medidas concretas para combater o problema, que se tem acentuado nos últimos anos em África. Um plano de acção com dez pontos defende a colaboração mútua entre os países, o reforço da aplicação da legislação existente, a penalização dos infractores e a redução da procura de produtos derivados de espécies selvagens.

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As duas organizações fizeram um apelo para que governos e outras instituições tomem medidas concretas para combater o problema, que se tem acentuado nos últimos anos em África. Um plano de acção com dez pontos defende a colaboração mútua entre os países, o reforço da aplicação da legislação existente, a penalização dos infractores e a redução da procura de produtos derivados de espécies selvagens.

Entre as medidas, está um maior investimento em recursos humanos e técnicos, criando-se por exemplo brigadas especializadas na identificação do tráfico ilegal e o reforço dos sistemas judiciais.

"O tráfico ilegal de animais selvagens é um crime sério e não são só os rinocerontes e os elefantes que estão em perigo. Há também graves implicações para a segurança nacional, para a legislação e para o bem-estar das comunidades africanas", afirmou o director-geral da organização WWF, Jim Leape, em comunicado.

De acordo com a Declaração de Marraquexe (assim se chama a lista de dez pontos), o tráfico de animais "é agora mais organizado, mais lucrativo e mais perigoso que antes", pondo também em risco a vida dos guardas dos parques naturais.

A África Central é, de acordo com um relatório do Conselho de Segurança da ONU, uma das zonas onde a caça furtiva continua a ser uma actividade preocupante. Os elefantes são a espécie mais afectada, especialmente em países como a República dos Camarões, o Chade e o Gabão. 

"Nos últimos dez anos perdemos 76% dos elefantes africanos de floresta. No Gabão, perdemos quase 20 mil, um terço da nossa manada", afirmou o presidente do país, Ali Bongo, durante o seu discurso no encontro anual do Banco Africano de Desenvolvimento. O elefante de floresta é uma subespécie particularmente procurada porque as suas presas são mais duras e mais direitas. 

Segundo a organização Traffic, que monotoriza o tráfico de animais selvagens, 2011 foi um "ano horrível" para os elefantes africanos. Foram apreendidas 40 toneladas de marfim ilegal, o que corresponde a cerca de quatro mil animais mortos.

A Interpol estima que, a cada ano, o tráfico ilegal de marfim seja responsável pela morte de 40 mil elefantes. Só na Internet, este negócio pode render 1.450.000 euros. Pelo menos 4500 quilos de marfim são vendidos em 61 sites europeus de leilões identificados pela Interpol.