Silva Lopes defende que não há alternativas ao corte nas pensões

“A geração grisalha não pode asfixiar a geração nova da maneira como tem feito até aqui", afirma antigo ministro das Finanças.

Foto

O economista, que falava na terça-feira à margem de um debate sobre o Orçamento do Estado e a Constituição, em Lisboa, citado pela Rádio Renascença, diz que a geração mais nova está a ser asfixiada pelos mais velhos. “A geração grisalha não pode asfixiar a geração nova da maneira como tem feito até aqui. Não pode ser. Eu sou pensionista, sou da geração grisalha, quem me dera a mim que não toquem nas reformas, mas tocam, vão tocar e eu acho muito bem. Não há outro remédio”, insistiu Silva Lopes.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O economista, que falava na terça-feira à margem de um debate sobre o Orçamento do Estado e a Constituição, em Lisboa, citado pela Rádio Renascença, diz que a geração mais nova está a ser asfixiada pelos mais velhos. “A geração grisalha não pode asfixiar a geração nova da maneira como tem feito até aqui. Não pode ser. Eu sou pensionista, sou da geração grisalha, quem me dera a mim que não toquem nas reformas, mas tocam, vão tocar e eu acho muito bem. Não há outro remédio”, insistiu Silva Lopes.

Silva Lopes voltou também a referir-se à decisão do Tribunal Constitucional de não dar aval a algumas das medidas inscritas no Orçamento do Estado para este ano, dizendo que a interpretação que este órgão faz da Constituição pode contribuir para o agravamento da crise em Portugal.

“Sou a favor da contribuição de solidariedade social, sou a favor desta taxa que o Governo agora promete e que, se calhar, também vai ser declarada inconstitucional. E digo uma coisa: se nós temos a Constituição e a interpretação do Tribunal Constitucional a impedir estas coisas, isto rebenta tudo”, acrescentou Silva Lopes, citado pela mesma rádio.

Na semana passada o economista, preocupado com a sustentabilidade da dívida pública, já tinha dito estar “convencido” de que Portugal precisará de um “segundo resgate”, o que aliás evitaria um nível de “austeridade insustentável”. No final de uma conferência-debate, Silva Lopes disse duvidar de que as emissões de dívida que Portugal está a fazer sejam sustentáveis, pelo que acredita que o futuro passa por um segundo resgate e por introduzir a austeridade de forma mais ligeira, apostando antes no crescimento.

Na mesma semana, Silva Lopes falou também dos depósitos portugueses para dizer que os valores acima de 100 mil euros estão, por agora, a salvo. O antigo governador do Banco de Portugal disse que “em teoria” os resgates bancários semelhantes aos de Chipre podem ser possíveis em Portugal, “embora não num tempo próximo”.

Em Abril este antigo ministro das Finanças tinha considerado que os cortes na despesa, para compensar a receita que se perdeu com o chumbo do Tribunal Constitucional, serão feitos "à bruta". Silva Lopes disse na altura, também à Rádio Renascença, que "a decisão do Tribunal Constitucional vai custar-nos muito, muito caro".