Cratera de Marvão poderá ter origem no excesso de água nos solos

Geólogo recorda que tem chovido muito e que esta é uma zona de rocha calcária. A cratera não é obra de "extraterrestres", brinca.

O geólogo Vítor Lamberto explicou nesta segunda-feira à agência Lusa que se trata de "um fenómeno típico" de zonas onde existem rochas calcárias e que em Portugal existem situações “similares”, embora “não tenham esta dimensão”.

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O geólogo Vítor Lamberto explicou nesta segunda-feira à agência Lusa que se trata de "um fenómeno típico" de zonas onde existem rochas calcárias e que em Portugal existem situações “similares”, embora “não tenham esta dimensão”.

O geólogo, que desenvolve trabalhos para instituições de investigação e rochas ornamentais, relatou, no local, que a zona de Marvão possui grutas e o tipo de rocha existente (calcário) tem tendência a “dissolver-se”, formando as grutas. “Aqui em Marvão, tivemos um ano de muita chuva. A água, nestas estruturas, infiltra-se, circula no interior e, nos calcários, circula a grandes velocidades, ou seja, o impacto que pode causar é maior”, explicou.

Com a existência de rios subterrâneos, onde a água circula a grandes profundidades e velocidades e perante um ano de muita chuva no Alentejo, Vítor Lamberto indicou que esses rios “não conseguem dar vazão”. “Quando a água chega ao topo da gruta, lava o material acumulado e esse material, arrastado pela água, abate isto tudo. Por isso, a dimensão que isto tem”, referiu.

No entanto, o geólogo salientou que a cratera em Marvão é “interessante”, devido à profundidade e com “três pequenos sumidores”, mas fez questão de sublinhar que este caso não representa um episódio de “extraterrestres”.

Na propriedade privada onde o fenómeno ocorreu, situada perto da aldeia de Porto da Espada, encontra-se também uma outra cratera de menor dimensão, tendo sido criado em redor de toda aquela zona um perímetro de segurança pelas autoridades.

Em declarações à Lusa, Mário Galego, rendeiro da propriedade onde o fenómeno ocorreu, mostrou-se “surpreendido” com a situação, que considerou “assustadora”. “Na sexta-feira à tarde demos com isto, não sabemos o dia certo em que isto aconteceu, provavelmente quarta ou quinta-feira. É uma situação chata e só de pensar que há poucos dias tinha aqui animais e que podiam ter abalado...”, desabafou.

O presidente da Câmara de Marvão, Vítor Frutuoso, disse à Lusa que o município quer saber os “impactos” que a situação poderá vir a causar. “Nós temos de saber os impactos que isto poderá ter em termos de estabilidade, relativamente à propriedade que é utilizada e ao acesso de pessoas. Por isso, temos que controlar uma série de situações em termos de segurança e perceber quais são as consequências que poderemos ter”, disse.

Com um perímetro de segurança criado e com elementos da GNR no local, a zona tem sido alvo de visitas por parte de pessoas que não resistem à curiosidade de ver in loco o fenómeno geológico.