O voto na mudança

É verdade que é trágica a herança que o 42.º presidente “leonino” recebe, mas olhando para o cenário actual parece pouco provável fazer pior. Depois de quatro anos de gestões erráticas de José Eduardo Bettencourt e Godinho Lopes, os sportinguistas estão maduros para receber propostas de austeridade e de gestão desportiva sustentável, nem que isso implique uma travessia competitiva no deserto, algo que não é assim tão estranho no passado recente.

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É verdade que é trágica a herança que o 42.º presidente “leonino” recebe, mas olhando para o cenário actual parece pouco provável fazer pior. Depois de quatro anos de gestões erráticas de José Eduardo Bettencourt e Godinho Lopes, os sportinguistas estão maduros para receber propostas de austeridade e de gestão desportiva sustentável, nem que isso implique uma travessia competitiva no deserto, algo que não é assim tão estranho no passado recente.

De longe, o maior desafio que Bruno de Carvalho terá pela frente será o de inverter uma lógica de resultados negativos acumulados pela SAD (Sociedade Anónima Desportiva), que gere o futebol. Um autêntico “buraco negro” financeiro, que já somou perdas de 248 milhões de euros desde a sua criação, em 1997. Terá de fazer muito melhor com menos. Com muito menos.

A aposta na formação é exigível, mas terá de ser temperada com uma política de contratações ponderada e cirúrgica para manter a equipa nos parâmetros competitivos exigíveis ao seu estatuto. Neste campo, o fracasso total dos seus antecessores é esclarecedor. São escassos e medíocres os resultados ao nível da potenciação financeira de activos que não tenham saído da formação.

A última receita significativa a entrar nos cofres de Alvalade pela transferência de um jogador estrangeiro foi referente ao nigeriano Enakarhire, em 2005, com uma mais-valia de 3,1 milhões de euros. Desde então, com raríssimas excepções, praticamente não foram gerados retornos financeiros. A margem de erro nestas contratações diminuiu agora drasticamente.

Outro grande desafio que se coloca nos próximos dias a Bruno de Carvalho será a negociação de um plano de reestruturação financeira com a banca credora. A apresentação de um investidor para a SAD, com 15 a 20 milhões de euros de capital fresco, pode afastar alguma desconfiança que subsista em relação ao actual presidente e ajudar a preparar um plano que não passe pelo estrangulamento do clube. Esse seria o passo para um extremar de posições que ninguém deseja.

As conversas iniciam-se nesta semana e o seu desfecho irá condicionar todo o projecto de Bruno de Carvalho. Será também altura de medir o pulso ao novo timoneiro.