Pistorius diz que não teve intenção de matar a namorada

Versão do atleta sul-africano foi lida pelo advogado em tribunal esta terça-feira.

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“Não tive a intenção de matar a minha namorada Reeva Steenkamp. Desminto a acusação nos termos mais vivos”, diz a declaração lida pelo seu advogado Barry Roux numa audiência para discutir o pedido de libertação sob caução.

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“Não tive a intenção de matar a minha namorada Reeva Steenkamp. Desminto a acusação nos termos mais vivos”, diz a declaração lida pelo seu advogado Barry Roux numa audiência para discutir o pedido de libertação sob caução.

“Reeva telefonou-me e propôs que tivéssemos um jantar tranquilo”, contou. “Às 22h [20h em Portugal continental] da noite de dia 13, estávamos no nosso quarto, ela saiu para fazer ioga e fiquei na cama a ver televisão. Estávamos muito apaixonados. Não podíamos estar mais felizes.”

“Ofereceu-me uma prenda, mas disse que só a podia abrir no dia seguinte”, dia de São Valentim, leu o advogado. Pistorius começou nesta altura a soluçar, o que levou o juiz a dizer-lhe: “Tem de manter a calma. Deve concentrar-se no que está aqui a acontecer”.

Após uma breve suspensão da audiência, o advogado retomou a leitura, em nome de Pistorius. “Já fui vítima de violência. Por isso tenho uma arma de fogo de 9 mm debaixo da cama. Não há grade na janela da casa de banho. Alguém entrou em minha casa”. “Estava escuro como breu. Senti um medo terrível, acreditando que estava alguém na casa de banho. Como não estava com as minhas próteses senti-me muito vulnerável […] Disparei contra a porta da casa de banho e gritei”, leu o advogado. “Voltei para a cama e vi que Reeva não estava lá”, “coloquei as minhas próteses e fui à varanda pedir ajuda”, disse.

O caso ocorreu cerca das 3h (1h em Lisboa). A declaração não menciona uma disputa relatada pela polícia, a partir de informações dos vizinhos.

Na versão lida em tribunal, Pistorius telefonou para a segurança do complexo residencial e precipitou-se pelas escadas com Reeva nos braços, porque, afirma, lhe “disseram para não esperar por socorro e para a levar directamente ao hospital. Reeva estava inconsciente, mas viva”. O juiz pediu ao atleta para confirmar o conteúdo da declaração, o que Pistorius fez, em voz trémula.

Num testemunho lido igualmente por um advogado, um amigo de Pistorius declarou, sob juramento, nunca os ter visto discutir. O atleta, acrescentou, tencionaria casar com a namorada.