Godinho Lopes não se recandidata

Presidente demissionário reafirma a necessidade de entrarem no clube 45 milhões de euros até ao final da época desportiva.

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Godinho Lopes não vai a votos nas eleições de Março Daniel Rocha

“Os candidatos estão perfilados, aos sócios compete decidir na assembleia-geral (AG) eleitoral. Eu, não sendo candidato, não serei elemento perturbador no debate, de modo a permitir que o mesmo seja profícuo, e que se fale do futuro e das respectivas soluções”, afirma Godinho Lopes, em comunicado.

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“Os candidatos estão perfilados, aos sócios compete decidir na assembleia-geral (AG) eleitoral. Eu, não sendo candidato, não serei elemento perturbador no debate, de modo a permitir que o mesmo seja profícuo, e que se fale do futuro e das respectivas soluções”, afirma Godinho Lopes, em comunicado.

No entanto, Godinho Lopes assume que, “desde a demissão em bloco no passado dia 6 de Fevereiro”, tem “reflectido sobre a necessidade de reconstituir uma lista para as próximas eleições, de forma a poder terminar o trabalho prometido e interrompido”.

“Atento, tenho deixado avançar o tempo, com a preocupação de perceber quais as soluções e qual o real objectivo da mesa da AG e consequente pressão para a demissão do conselho directivo”, acrescentou.

Godinho Lopes assume ter presidido ao clube durante “dois anos de turbulência e resiliência, em que a enorme dedicação e entrega mereceram o elogio de uns e a crítica de outros”, num “clube fragmentado e com todas as dificuldades financeiras sobejamente conhecidas confirmadas pelos relatórios de auditoria apresentados anualmente”.

“A interrupção forçada do mandato não permitiu terminar a reestruturação prometida, desejada e indispensável para criar a sustentabilidade financeira que o Sporting Clube de Portugal tanto necessita. Como até aqui, com a mesma dedicação de sempre, estaremos presentes até ao dia das eleições, com dificuldade, mas procurando honrar todos os compromissos”, assegurou.

De acordo com o mesmo comunicado, Godinho Lopes deu conta, por sua iniciativa, da situação financeira do clube à mesa da AG e ao conselho leonino, e da “necessidade de 45 milhões de euros até final da época desportiva”.

“Em Janeiro, quando nos deparámos com a possibilidade de uma AG extraordinária, informámos a mesa da AG dessa necessidade, mas actualizada. Hoje, reafirmamos o que já tínhamos transmitido sobre a indispensabilidade de 25 milhões de euros entre 24 de Março e 30 de Junho próximo”, salientou.

O ainda presidente do Sporting explicou que “as soluções encontradas foram em estreita colaboração com os dois bancos parceiros, Millennium BCP e Banco Espírito Santo, bem como com alguns investidores, que sempre perceberam e ajudaram o clube, com o intuito de garantir a sua sustentabilidade”.

“O conselho fiscal e disciplinar e, em particular, José Maria Ricciardi e Sikander Sattar estiveram sempre ao nosso lado, em todos os momentos, tendo sido indispensáveis na monitorização da procura de soluções para resolver as dificuldades financeiras que o Sporting Clube de Portugal atravessa”, sublinhou.

Excluindo-se da corrida ao acto eleitoral de 23 de Março, Godinho Lopes realça que “os problemas são conhecidos e certamente os candidatos são portadores das soluções adequadas ao momento”.

“Ao futuro presidente, e em linha com a informação entregue aos candidatos, será deixado um documento com a informação considerada indispensável e fundamental. Obrigado a todos os que apoiaram, incentivaram e foram sempre factor catalisador e motivador para este conselho directivo. Tenho consciência de que cometi erros, mas trabalhei sempre com esforço, dedicação e devoção”, conclui Godinho Lopes.


Os órgãos sociais do Sporting demitiram-se em bloco a 4 de Fevereiro, tendo sido marcadas eleições para 23 de Março, após um entendimento entre os presidentes do conselho directivo, Godinho Lopes, do conselho fiscal e disciplinar, João Mello Franco, e da mesa da assembleia-geral, Eduardo Barroso.

A mesa da assembleia-geral tinha convocado uma reunião magna para 9 de Fevereiro, requerida por um grupo de sócios com vista à destituição de Godinho Lopes, que foi desmarcada após a renúncia dos órgãos sociais do clube lisboeta.

Até ao momento, estão anunciadas três candidaturas à presidência do Sporting, encabeçadas por Carlos Severino, Bruno de Carvalho e João Pedro Paiva dos Santos.