Circulação na Linha do Norte bloqueada por manifestação

Trabalhadores ferroviários cortam linha e ocupam comboios em protesto contra retirada de direitos pela empresa.

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Os trabalhadores contestam a retirada de direitos sociais pela empresa José Fernandes

José Manuel Oliveira disse que não poder confirmar se as ocupações de linha, que terão começado cerca das 17h, já haviam terminado, por estar com dificuldades de contacto com os trabalhadores que optaram por aquela forma de protesto.

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José Manuel Oliveira disse que não poder confirmar se as ocupações de linha, que terão começado cerca das 17h, já haviam terminado, por estar com dificuldades de contacto com os trabalhadores que optaram por aquela forma de protesto.

Mas às 19h pelo menos um comboio regional e um Alfa Pendular continuavam retidos na estação do Entroncamento e impedidos de prosseguir a sua marcha por cerca de uma centena de pessoas que ocupavam a linha férrea. Em Coimbra, segundo a agência Lusa, foi detido um dirigente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário, alegadamente por ter recusado identificar-se a um agente da PSP à civil.

Ao todo, durante a tarde desta quinta-feira, quatro comboios regionais foram impedidos de circular ou viram retardada a sua circulação, a par de um comboio intercidades que fazia a ligação Lisboa-Guimarães e um Alfa Pendular que fazia o percurso Lisboa-Porto. Os representantes dos trabalhadores estimam que os manifestantes terão chegado aos dois milhares.

“Não estava previsto impedir a circulação de comboios, mas entende-se: as pessoas estão muito revoltadas”, disse o dirigente da Fectrans quando contactado pelo PÚBLICO.

As concentrações de trabalhadores no activo, reformados e familiares estavam marcadas para as 17h em vários pontos do país, no âmbito de uma acção de protesto que a Fectrans designou por acção de “resistência e luto da família ferroviária”. Contestam a suspensão de concessões atribuídas aos ferroviários e aos seus familiares, que lhes permitiam viajar gratuitamente ou com descontos de 75%.

Depois de numa primeira fase ter suspendido estas concessões, a CP recuou e ofereceu entretanto um “desconto comercial” de 50% aos seus antigos funcionários na compra de bilhetes em todos os tipos de comboios e na aquisição de assinaturas (vulgo passes).

Os sindicatos, porém, argumentam que as concessões são parte integrante do acordo de trabalho entre os funcionários e a empresa e que, ao longo dos anos, esses benefícios foram atribuídos como “moeda de troca” pelo não aumento dos salários. 

Citado pela agência Lusa, no último fim-de-semana, Luís Bravo, do Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante, afirmou que a medida representa “um problema social enorme” para muitas famílias em situação financeira precária e que organizaram a sua vida tendo em conta a gratuitidade das deslocações.

O PÚBLICO está a tentar obter reacções por parte da CP, o que não possível até ao momento.