Culturas de óleo de palma libertam carbono "escondido"

Estudo mostra como as alterações nas florestas da Malásia estão a libertar carbono aprisionado durante milénios em turfeiras.

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Cerca de 80% do óleo de palma mundial é plantado no Sudeste asiático AHMAD ZAMRONI/REUTERS

O estudo, publicado na edição desta quinta-feira da revista Nature, dá novas pistas sobre um dos impactos temidos da expansão da cultura do óleo de palma: que a desflorestação para abrir caminho às novas plantações liberte vastas quantidades de carbono armazenado em zonas húmidas.

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O estudo, publicado na edição desta quinta-feira da revista Nature, dá novas pistas sobre um dos impactos temidos da expansão da cultura do óleo de palma: que a desflorestação para abrir caminho às novas plantações liberte vastas quantidades de carbono armazenado em zonas húmidas.

Nas florestas tropicais pantanosas, as folhas, galhos e troncos caídos decompõe-se muito lentamente, dado que estão cobertos por água. A camada de turfa resultante deste processo é um enorme repositório de carbono. Com a destruição das florestas e a drenagem das zonas húmidas, a turfa, em contacto com ar, acaba por libertar grandes quantidades de dióxido de carbono, contribuindo para o aquecimento global.

Investigadores de várias universidades, do Reino Unido, Holanda e Indonésia, avaliaram os fluxos de carbono em zonas húmidas da Indonésia, transformadas pelo avanço da cultura do arroz, e da Malásia, com plantações de óleo de palma. Numa zona húmida “perturbada”, o fluxo de carbono é 50% maior do que em áreas “não-perturbadas”. Além disso, a origem do carbono é diferente. Nas áreas “não-perturbadas”, vem do crescimento das plantas. Nas “perturbadas”, a origem é o stock de carbono das turfas, onde está armazenado há milhares de anos.

“Já sabíamos que as plantações de óleo de palma do Sudeste asiático eram uma grande ameaça para a biodiversidade, e que a drenagem [de zonas húmidas] pode libertar grandes quantidades de dióxido de carbono durante os flogos florestais”, afirma Chris Freeman, um dos autores do artigo, citado pela agência Reuters. “Mas a descoberta de uma nova fonte ‘escondida’ de problemas nas águas destas turfeiras é um aviso de que estes frágeis ecossistemas precisam de ser conservados”, completa.

Mais de 80% do óleo de palma consumido no mundo é produzido na Indonésia. Todos os anos, uma área aproximadamente do tamanho da Grécia é desflorestada para dar lugar a novas plantações.