Recordista de aterragens na Madeira deixa a aviação comercial

Com 47 anos de pilotagem, o comandante Timóteo Costa despede-se esta terça-feira, após 25.500 horas de voo e oito mil aterragens no aeroporto da Madeira

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Perícia e experiência de Timóteo Costa evitaram nova tragédia no aeroporto da Madeira, em 2011 DR

Deixa na sua longa carreira com mais de 47 anos de serviço, dos quais 40 na aviação comercial, 25.500 horas de voo, correspondentes a três anos a voar ininterruptamente. A partir desta idade, “não se pode voar mais como piloto de aviação comercial, mesmo que se queira”, lamenta Timóteo Costa, que completa 65 anos na próxima quinta-feira, dia 24.

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Deixa na sua longa carreira com mais de 47 anos de serviço, dos quais 40 na aviação comercial, 25.500 horas de voo, correspondentes a três anos a voar ininterruptamente. A partir desta idade, “não se pode voar mais como piloto de aviação comercial, mesmo que se queira”, lamenta Timóteo Costa, que completa 65 anos na próxima quinta-feira, dia 24.

Nascido na Santa, Porto Moniz, Timóteo Costa iniciou a sua actividade aeronáutica em 1966 no Aero Clube de Moçambique, em Lourenço Marques, hoje cidade do Maputo. Entre 1966 e 1969 foi despachante de operações de voo da DETA, Companhia Aérea de Moçambique, tendo paralelamente terminado o curso de instrutor de voo no Aero Clube de Moçambique, função que lhe possibilitou adquirir as horas de voo necessárias para obter a licença de piloto comercial de aviões. De 1972 a 1977 foi piloto da DETA, tendo voado no F27 (Friendship), Boeing 737, B720 e B707. De 1979 a 1988 voou na TAAG em Angola, exclusivamente como comandante de B707.

De regresso à Madeira, voou na LAR (Linhas Aéreas Regionais) em Avro (HS 748), na linha Madeira/Porto Santo. De 1989 a 1994 foi piloto na extinta Air Columbus, nos equipamentos B727, B737 e B757. A partir de Novembro de 1995 passa para os quadros da SATA Internacional, pilotando o B737 300/400.

Ultimamente era comandante de Airbus A320, com base na Madeira. Agora quer assentar base na sua ilha natal, continuando a fazer crescer o Aeroclube onde, desde 1997 e por carolice, deu instrução a perto de três dezenas de pilotos, o que o obrigou a fazer, em alguns dias, cerca de 60 aterragens na pista de Santa Catarina. 

Foi no aeroporto da Madeira que protagonizou um dos episódios mais marcantes da sua carreira, a 20 de Junho de 2011, quando um bando de gaivotas atingiu o reactor de um avião da SATA que descolava da pista, obrigando a aeronave a regressar ao aeroporto. “A perícia do piloto, bastante experiente, contribuiu para que a aeronave voltasse à pista com toda normalidade e, sobretudo, com segurança para os passageiros”, relatou então ao PÚBLICO o porta-voz da companhia açoriana, José Gamboa, lembrando que a bordo do avião, pilotado pelo comandante Timóteo Costa, profundo conhecedor deste aeroporto, encontravam-se 104 passageiros, além da tripulação.