Aquecimento na região Oeste da Antárctida é o dobro do que se pensava

Região aqueceu 2,4 graus em meio século, segundo novo estudo publicado na revista Nature Geoscience.

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A região Oeste da Antárctida está menos fria do que há 50 anos, dizem os cientistas Pete Bucktrout/British Antarctic Survey/AFP

 
Ao contrário do Árctico, em que as alterações climáticas estão a provocar mudanças visíveis – no Verão de 2012 quase toda a superfície de gelo da Gronelândia derreteu no final de Julho e o gelo polar sobre o mar atingiu a área mais pequena de sempre conhecida, dois meses depois – a Antárctida parece estar, por enquanto, mais imune a estas alterações.

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Ao contrário do Árctico, em que as alterações climáticas estão a provocar mudanças visíveis – no Verão de 2012 quase toda a superfície de gelo da Gronelândia derreteu no final de Julho e o gelo polar sobre o mar atingiu a área mais pequena de sempre conhecida, dois meses depois – a Antárctida parece estar, por enquanto, mais imune a estas alterações.

Mas a equipa coordenada por Aaron Wilson, da Universidade de Ohio, mostra o contrário. Os cientistas analisaram os registos da estação meteorológica Byrd, instalada no Ano Internacional da Geofísica que durou entre Julho de 1957 e Dezembro de 1958.

A estação foi colocada a 1500 metros de altitude no meio de um planalto que fica na região Oeste da Antárctida. Desde 1958, que a estação regista as temperaturas atmosféricas, que são representativas de uma vasta área desta região.

Ao longo das décadas, houve problemas com os registos das temperaturas da estação. Mas a equipa conseguiu colmatar essas falhas utilizando modelos e séries de temperaturas de outras estações. Deste modo, fez uma compilação dos dados e concluiu que entre 1958 e 2010 houve um aumento médio da temperatura de 2,4 graus na região Oeste da Antárctida, quase o dobro do que a estimativa anterior.

“O que vemos é um dos mais fortes sinais de aquecimento da Terra”, diz Andrew Monaghan, co-autor do trabalho que pertence ao Centro Nacional de Investigação Atmosférica dos Estados Unidos. “Esta é a primeira vez que conseguimos determinar  que está a acontecer um aquecimento durante o Verão”, refere, citado pela BBC News.

Os cientistas defendem que este aumento da temperatura pode ser devido a mudanças nos padrões meteorológicos que, naquela região, são condicionados pelo que se passa no oceano Pacífico. Este derretimento, dizem, pode tornar as calotes polares mais frágeis e acelerar a descida de grandes massas de gelo para o mar. Mas os efeitos só deverão tornar-se evidentes na escala de séculos.