Designer veste estátuas contra a produção em massa

Inês Amorim vestiu três estátuas em Viana do Castelo para mostrar o seu desagrado face a actual indústria de moda, na sua opinião "massificada"

“Uma chamada de atenção para a exagerada produção em massa”. Foi esta a intenção por detrás do recente projecto desenvolvido pela jovem designer de moda Inês Amorim. As protagonistas foram três estátuas localizadas em Viana do Castelo que foram vestidas com mangas, calças e camisas.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

“Uma chamada de atenção para a exagerada produção em massa”. Foi esta a intenção por detrás do recente projecto desenvolvido pela jovem designer de moda Inês Amorim. As protagonistas foram três estátuas localizadas em Viana do Castelo que foram vestidas com mangas, calças e camisas.

 

Porquê estátuas e não pessoas? Inês Amorim disse ao P3 que “as estátuas continuam a ter uma aura que deve ser aproveitada”. Por isso produziu 104 mangas, sete calças e 25 camisas para trazer à vida o espírito das mesmas, privilegiando a utilização do preto, do branco e do cinzento.

 

As estátuas que serviram de modelos foram “A Menina de Viana”, perto dos estaleiros navais da cidade, o “Monumento Alegórico às Feiras Novas”, em Ponte de Lima, e a escultura “Caramuru e Paraguaçu” na Praça da República. Inês Amorim confessa que “algumas pessoas quando viram as estátuas acharam um pouco estranho, mas outras acharam que as estátuas ficavam melhor vestidas”.

 

Com uma carreira profissional ainda numa fase inicial, a designer quer destacar-se pela criação de uma marca própria que se afaste, precisamente, da actual “massificação da indústria da moda”. Acrescenta que, cada vez mais, “os designers de moda recém licenciados estão a tentar afastar-se um pouco das teias da indústria da moda através do desenvolvimento de projectos a solo”.

 

Para poder vestir as estátuas Inês Amorim teve que pedir uma autorização à Câmara Municipal de Viana do Castelo. Ainda chegou a fazer alguns vestidos, mas como apenas podia vestir as estátuas durante um dia, não teve tempo para utilizá-los.

 

Este foi um dos muitos projectos que passaram pela cabeça de Inês Amorim. O próximo será a “criação de peças funcionais para as pessoas vestirem, sobretudo, as mulheres”. Para além disso, destaca que se lhe pedirem para voltar a vestir estátuas aceitará com todo o gosto.