Passos não quer tratamento igual ao da Grécia

“Portugal não tem nenhuma ansiedade à volta dessa discussão", diz o primeiro-ministro.

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Passos Coelho disse que "não faz sentido" contratar professores quando há outros sem nada para fazer Daniel Rocha

 

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Em resposta à comunicação social, na Cidade da Praia, Pedro Passos Coelho reiterou que uma parte das novas condições de financiamento da Grécia não se aplicam a nenhum outro país, enquanto outra parte se enquadra no Mecanismo Europeu de Estabilidade, “que está sujeito a um princípio de igualdade de tratamento”, o que será discutido a seu tempo no Eurogrupo.

“Portugal não tem nenhuma ansiedade à volta dessa discussão. Ao abrigo dessa igualdade de tratamento, não deixará de suscitar essa discussão, nos locais próprios em termos europeus. E aquilo que tiver de se aplicar a Portugal, que possa ter sentido adaptar a Portugal, ao abrigo desse princípio da igualdade de tratamento, não deixará de ser feito”, acrescentou Passos Coelho, ressalvando: “Portugal não está a reclamar um tratamento igual ao da Grécia no acordo que foi obtido para a Grécia”.

Os ministros das Finanças da Alemanha e de França desaconselharam, hoje, em Bruxelas, Portugal a beneficiar das novas condições acordadas para o empréstimo à Grécia.

Segundo o primeiro-ministro, Portugal ganha em distinguir-se da Grécia e não em pedir igualdade de tratamento e as declarações que os ministros das Finanças alemão e francês fizeram “extremamente positivas” para o país.

“Qualquer deles afirmou que a situação da Grécia é única na Europa e que, quer Portugal, quer a Irlanda, se distinguem objectivamente da Grécia. O sentido, portanto, dos seus comentários, é extremamente elogioso, quer para a Irlanda, quer para Portugal”, considerou Passos Coelho.

Em seguida, o primeiro-ministro deixou um recado à oposição: “Eu espero que a disputa político-partidária não transforme aquilo que deve ser visto como um elogio a Portugal numa penalização para o nosso país”.

Passos Coelho insistiu que Portugal tem “uma situação muito diferente da Grécia” e que há um reconhecimento internacional dos “esforços” e dos “progressos” que o país tem feito.

“Não queremos, portanto, ter um tratamento e uma solução idêntica à da Grécia, na medida em que não temos uma situação idêntica à da Grécia. Deixem-me recordar que a Grécia viveu momentos extremamente difíceis ao longo de mais de cinco meses de negociações que permitiram desbloquear um apoio financeiro para a Grécia nesta altura. Eu não desejo para Portugal o mesmo tipo de negociação”, reforçou.

Ainda sobre as diferenças entre as situações portuguesa e grega, o primeiro-ministro referiu que, na Grécia, “as pessoas estiveram simplesmente impotentes à espera que existisse um acordo que permitisse pensar que não haveria uma ruptura financeira outra vez”, enquanto, “felizmente, Portugal não vive essa ansiedade”.

Passos Coelho descreveu Portugal como um país que já cumpriu metade do seu programa de ajustamento, cujo desempenho tem tido uma avaliação “extremamente positiva” e que está a preparar “o regresso a mercado já em 2013”.

“O nosso regresso a mercado e a normalização do financiamento para as empresas portuguesas tem vindo a ser construído gradualmente, e isso é um motivo de orgulho e de esperança para os portugueses, que justamente foi reconhecido pelo ministro das Finanças alemão e pelo ministro das Finanças francês”, concluiu.