Self Made: ir à América do Sul e trazer uma marca de roupa

A Self Made cria roupas feitas à mão, com um design original, com cores e padrões inspirados na América do Sul

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O mote foi dado por uma viagem pela América do Sul, em 2010. Inspirados pelo trabalho artesanal dos locais, Carina Silva e Simão Mendes lançaram a Self Made, uma empresa que aposta na roupa feita à mão e com um design diferente.

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O mote foi dado por uma viagem pela América do Sul, em 2010. Inspirados pelo trabalho artesanal dos locais, Carina Silva e Simão Mendes lançaram a Self Made, uma empresa que aposta na roupa feita à mão e com um design diferente.

"Sendo europeia", Carina sempre teve "mais queda para os pretos, cinzentos e tons sóbrios" no que toca à escolha de roupa. Mas a jovem de 26 anos deparou-se com uma realidade bem diferente durante os seis meses em que explorou países como o Brasil e a Bolívia, onde "a maior parte da população é campesina e, portanto, mantém as vestes mais tradicionais, que são extremamente coloridas".

Em meio ano dá para encontrar muita gente. Assim foi. "Fui conhecendo outros viajantes e pessoas da comunidade local que desenvolviam projectos de artesanato com os mais diferentes materiais", recorda Carina. Sementes que davam origem a colares, lã de alpaca que se tornava roupa. Estava inspirada... e decidida.

Depois de regressar a Portugal, o guarda-roupa desta assessora de imprensa começou, naturalmente, a alterar-se. Procurava "mais cores e padrões". Também a rotina do casal mudou: nascia então a Self Made, empresa, agora com dois anos, que produz vestuário feito à mão. Recorre a materiais tradicionais, mas não só: um farrapo e uma carica são o suficiente para fazer botões, que são, aliás, a maior necessidade da marca.

Ao estilo de uma cooperativa

Criada a empresa, juntaram-se as "várias peças do puzzle": Carina, com o seu jeito natural para combinar cores e estilos; a sua mãe, costureira desde sempre; e, por fim, os pais de Simão que, por terem um negócio na área têxtil, puderam dar uma mãozinha no acesso à matéria-prima. Entretanto, também foi "recrutada" uma desempregada da área de Arqueologia com jeito para o croché. São, ao todo, sete, a funcionar quase como uma "cooperativa", acabando por terem uma motivação diferente. "Há um sentimento de justiça maior, estamos todos a remar para o mesmo lado e todas as opiniões são ouvidas."

Por ser um processo manual, o tempo de fabricação de uma peça é maior, até porque pressupõe muito trabalho de bastidores. O tecido é que dita o futuro de uma peça. "Vasculham armazéns" em busca de matéria-prima e só quando têm o tecidos na mão "é que percebem de que forma é que vai influenciar o desenho da peça". Mas, para Carina Silva, é o trabalho feito à mão "que faz a identidade da Self Made". "É o que faz as pessoas apaixonarem-se pelos vestidos", diz. E o tempo da produção não se reflecte no preço final, precisamente por ser uma estrutura partilhada.

As pessoas até podiam "não estar habituadas às cores e aos diferentes padrões", mas até agora não há razões para chorar. A adesão aos designs está a ser a melhor, também porque, considera Carina, "as pessoas começaram a ficar cansadas de marcas massificadas". "Acho que, hoje em dia, em que toda a gente tenta copiar alguma coisa, começa a crescer a vontade de cada um ter a sua identidade própria."

Os interessados podem fazer uma encomenda ou comprar as peças que estão à venda nas lojas CRU (no Porto), Conceito X (em Braga) e Collective (na Trofa); também é possível fazer encomendas online. Onde quer que se compre, existe uma certeza: a peça será única.